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Estado de Minas

Guerra comercial compromete países pobres, diz economista do BM


postado em 08/10/2019 20:01

A guerra comercial desatada por Donald Trump compromete a erradicação da pobreza nos países emergentes e em desenvolvimento, disse à AFP a economista-chefe do Banco Mundial, Pinelopi Koujianou Goldberg.

"As tensões comerciais elevaram a incerteza, o que subitamente reduziu os investimentos", explicou em uma entrevista exclusiva.

A redução "significativa" desses investimentos é ainda mais problemática para os países que "nunca se recuperaram realmente da crise financeira" de 2008, explica a economista.

Se a tendência for mantida, "alguns países não conseguirão nunca sair da pobreza", garantiu. E ainda pior: os que conseguiram erradicá-la e hoje estão entre economias de receitas intermediárias podem retroceder.

Sem crescimento econômico, as pessoas pobres estarão condenadas a sobreviver com menos de cinco dólares por dia.

Koujianou Goldberg reconheceu que muitos economistas subestimaram as repercussões da guerra comercial entre Estados Unidos e China desatada por Trump em março de 2018.

"Éramos muitos os que pensavam que as tensões comerciais seriam um fenômeno temporário e desapareceriam", admitiu.

Contudo, as tensões se agravaram e hoje ninguém sabe como vão terminar, lamentou.

Em um relatório divulgado nesta terça, o BM disse que se o conflito comercial se agravar e corroer ainda mais a confiança, "os efeitos sobre o crescimento mundial e a pobreza poderão ser consideráveis".

"Mais de 30 milhões de pessoas poderão entrar na pobreza e a receita global poderá cair a 1,4 trilhão de dólares", segundo a entidade.

- Questão ambiental -

Nesse contexto, Koujianou Goldberg destaca a importância das cadeias globais de valor que, nas últimas décadas, contribuíram para transformar as economias dos países mais pobres.

Essas cadeias permitiram que os países pobres se especializassem na fabricação de um produto específico, por exemplo, a peça de um carro, e enriquecessem sem construir indústrias inteiras do zero.

A economista defende medidas simples. Ele usou o exemplo da melhoria da logística alfandegária para garantir que "os produtos não fiquem travados na fronteira" por vários dias ou até semanas.

Questionada sobre os efeitos ambientais prejudiciais do comércio, ela reconheceu que ele implica em um aumento nas emissões de dióxido de carbono (CO2) dos transportes e em um excesso de resíduos das embalagens de mercadorias.

Contudo, "nos países em desenvolvimento é mais defensável priorizar a extrema pobreza às custas da embalagem associada às cadeias globais de valor", afirmou.

Goldberg também lembrou que o comércio pode ter efeitos ambientais benéficos.

"Tomemos como exemplo uma bicicleta elétrica fabricada em Xangai com o uso de peças de 20 países", propôs. "Trata-se de um produto clássico da cadeia de valor. E é bom para o ambiente", disse.


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