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Estado de Minas

Às vésperas do Sínodo da Amazônia, bispos começam a discutir problemas da região

Reunião, que mobilizará 250 líderes religiosos em Roma, começa neste domingo (6); Planalto teme 'interferência em assuntos internos'


postado em 05/10/2019 04:00 / atualizado em 05/10/2019 13:02

Em ato simbólico, representantes indígenas e o papa plantam carvalho nos jardins do Vaticano(foto: Andreas SOLARO/AFP)
Em ato simbólico, representantes indígenas e o papa plantam carvalho nos jardins do Vaticano (foto: Andreas SOLARO/AFP)

O papa Francisco convidou representantes dos povos indígenas da Amazônia, ontem, para plantar uma árvore nos jardins do Vaticano, um gesto simbólico para demonstrar sua proximidade e apoio. O ato foi realizado dois dias antes da abertura de um sínodo, a assembleia de bispos que será pela primeira vez na história dedicada à defesa da Amazônia e de seus habitantes e começa amanhã. Essa gigantesca região tem sido ameaçada por incêndios, devastação e miséria.

a cerimônia, com ritos e canções religiosas, um pequeno carvalho verde foi plantado com terras das florestas tropicais na cidade italiana de Assis, local de origem de São Francisco de Assis, fundador da ordem franciscana e defensor dos pobres e da natureza.

Cerca de 20 representantes dos povos indígenas da Amazônia, vestidos com seus trajes tradicionais, alguns com cocar de penas, dançaram de mãos dadas nos jardins do Vaticano sob um sol forte. Vários deles se curvaram para beijar a terra, e um de seus líderes ofereceu ao papa colares e estátuas de madeira.

O Sínodo na Amazônia será aberto com uma missa no Vaticano, depois da qual virão os debates. Participarão 114 padres sinodais da Região Pan-Amazônica, além dos bispos da região, com especialistas, missionários e indígenas, participarão por três semanas, até 27 de outubro, de reuniões convocadas sob o lema "Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral".

Cerca de 87 mil indígenas da Amazônia foram consultados sobre as principais ameaças que pesam sobre suas comunidades, perseguidas por pessoas que cobiçam petróleo, gás, madeira, ouro e sonham com mais extensões de monoculturas agroindustriais, como a soja. As comunidades estão sob aberto ataque do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), avesso a possíveis demarcações de terra e defensor da abertura de áreas indígenas para exploração mineral.

A Amazônia engloba nove países da América do Sul, mede 7,5 milhões de quilômetros quadrados (60% deles em território brasileiro) e é conhecida por suas selvas tropicais ricas em biodiversidade.

RECOMENDAÇÕES Ao fim do sínodo, os bispos entregarão um documento final com suas recomendações ao papa. Com base neste texto aprovado por pelo menos dois terços dos prelados, Francisco vai preparar uma "exortação apostólica".

Francisco considera a Amazônia "um lugar representativo e decisivo", onde há muitos interesses em jogo, e se comprometeu a lutar contra sua devastação em resposta ao profundo sofrimento dos indígenas por sua terra. Essa posição irrita Bolsonaro, que, em seu primeiro discurso na assembleia geral da ONU, negou que os incêndios estejam devastando a Amazônia e afirmou que a maior floresta tropical do mundo não é "um patrimônio da humanidade", mas do Brasil.

O papa contará como relator o cardeal brasileiro Claudio Hummes, que conhece de perto a dura realidade dessa imensa região. Lá, a Igreja católica vem perdendo cada vez mais fiéis, que aderem às correntes evangélicas.


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