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Estado de Minas

Autoridade antiterrorista investigará ataque com faca em Paris


postado em 04/10/2019 18:19

O gabinete da promotoria antiterrorista francesa assumiu nesta sexta-feira (4) a investigação sobre o ataque a faca realizado por um funcionário público na sede da polícia de Paris, que matou quatro pessoas antes de ser morto.

A linha a ser seguida na análise do caso, que até então estava sob responsabilidade da promotoria de Paris, será a radicalização do assassino, que havia se convertido ao Islã.

Vários elementos levantados pelos investigadores conduziram à hipótese da radicalização de Mickaël H, pela proximidade deste técnico em informática com membros do movimento salafista, afirmaram várias fontes.

O autor do ataque, de 45 anos, era surdo e se converteu ao Islã há menos de um ano e meio. Ele trabalhava na Direção de Inteligência da sede da polícia há cerca de 20 anos, em uma área encarregada de reunir informação sobre a radicalização jihadista.

Segundo fontes próximas ao caso, a análise dos dados telefônicos levaram os investigadores à pista da preparação de um ato violento. O agressor teria comprado a faca no dia dos eventos, o que reforça a ideia de premeditação.

Na quinta-feira, o ministro do Interior, Christophe Castaner, disse que Michael H. "nunca demonstrou dificuldades comportamentais" nem causou "o menor sinal de alarme".

A esposa do criminoso afirmou no interrogatório que seu marido tinha "comportamento estranho e nervoso" na véspera do ataque, de acordo com uma fonte próxima ao caso.

Na quinta-feira, por volta do meio-dia, este homem nascido na Martinica, nas Antilhas francesas, semeou pânico na sede da polícia, que reúne vários departamentos do órgão de segurança da capital francesa e está localizada no coração da Cidade Luz, perto da catedral de Notre Dame.

Uma vizinha do casal disse à AFP que o atacante era "uma pessoa muito quieto" que "ele frequentava a mesquita, mas que tinha prática [religiosa] normal". Segundo os vizinhos, tinha dois filhos de 9 e 3 anos.

As forças de segurança são alvos habituais de ataques jihadistas, como os perpetrados pelo grupo do Estado Islâmico (IS). E a França é palco desde 2015 de uma onda de ataques islâmicos sem precedentes que deixaram um total de 251 mortos.

Nesta sexta-feira, diante da sede da polícia de Paris, os agentes de segurança exibiam semblantes abatidos. "Estamos muito afetados, nós não esperávamos isto aqui", declarou um funcionário que trabalha com uma mulher que foi ferida no ataque.

- Mal-estar na polícia -

O criminoso utilizou uma faca de cozinha para atacar primeiro três pessoas que se encontravam no setor onde trabalhava. Em seguida, foi para um andar inferior e esfaqueou mais duas pessoas, uma delas encontra-se em estado grave.

Ao chegar no pátio interno do edifício, um policial lhe deu voz de prisão e em seguida o abateu com um tiro na cabeça. Outro funcionário foi ferido e levado ao hospital em seguida. Seu estado não era grave na manhã desta sexta-feira, segundo uma fonte judicial.

Adelaziz, subsecretário da associação muçulmana de Gonesse e amigo de Mickaël H, com quem costumava ir à mesquita, não dá crédito ao que aconteceu.

"Me falou sobre sua falta de crescimento profissional, devido à surdez. Estava complexado", disse Adelaziz à AFP.

Esse ataque mortal ocorre no dia seguinte ao protesto de milhares de policiais em Paris, uma mobilização sem precedentes em quase 20 anos, em meio à preocupação da instituição com o aumento do número de suicídios e com a reforma previdenciária.

Segundo organizações sindicais, 26.000 pessoas participaram dessa mobilização. Existem quase 150.000 policiais na França.

Diferentemente das mobilizações anteriores, o motivo não foi uma tragédia, mas o desgaste operacional associado ao movimento "coletes amarelos", que por quase um ano denuncia a política social e fiscal do governo, à qual se une uma onda de suicídios de policiais (52 desde janeiro), um mal endêmico nesta instituição.

Os policiais também estão preocupados com os projetos de reforma da aposentadoria, com medo de perder os benefícios de seu sistema de aposentadoria.


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