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Estado de Minas

Boris Johnson pede 'alguma concessão' à UE para evitar Brexit sem acordo


postado em 02/10/2019 17:19

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, apresentou nesta quarta-feira (2) sua "proposta final" sobre o Brexit à União Europeia (UE) e pediu a Bruxelas "alguma concessão" para alcançar um acordo.

Caso contrário, promete Johnson, seu país abandonará o bloco de modo abrupto no final do mês.

"Sim, o Reino Unido está fazendo concessões e realmente espero que nossos amigos europeus entendam e façam alguma concessão", disse o primeiro-ministro para os membros de seu Partido Conservador no encerramento do congresso anual na cidade inglesa de Manchester.

E, apegado a sua promessa de não pedir mais adiamentos. O Reino Unido "abandonará a UE em 31 de outubro aconteça o que acontecer", garantiu, ao mesmo tempo em que disse que a alternativa a sua proposta é uma saída do bloco sem acordo.

Londres publicou o texto pela tarde, após enviá-lo à Comissão Europeia, cujo presidente, Jean-Claude Juncker, disse a Johnson, numa conversa por telefone, que existiam alguns "pontos problemáticos", segundo Bruxelas.

Mais de três anos depois do referendo de 2016, o complicado processo do Brexit levou o Reino Unido a uma profunda crise política.

Negociado com dificuldades por May, o precedente acordo foi rejeitado pelos eurocéticos, que consideraram que apresentava concessões "inaceitáveis" à UE, e pelos pró-europeus afirmaram que as condições eram piores do que aquelas que o país tem atualmente como integrante do bloco.

- A fronteira na Irlanda -

O plano do governo é destinado a eliminar a polêmica "salvaguarda irlandesa", assim como qualquer necessidade de controle aduaneiro na ilha da Irlanda. Este é o ponto mais conflituoso do acordo de divórcio com a UE.

Londres e Bruxelas querem evitar o restabelecimento de uma fronteira dura entre a província britânica da Irlanda do Norte e a República da Irlanda - país membro da UE - para preservar o acordo de paz que em 1998 encerrou três décadas de sangrento conflito na região.

O plano britânico propõe que "os movimentos de mercadorias entre a Irlanda do Norte e a Irlanda sejam notificados mediante uma declaração" e que os controles físicos sejam feitos nos estabelecimentos comerciais, e não na fronteira.

Segundo esta proposta, apresentada pelo primeiro-ministro como definitiva e a única alternativa ao Brexit sem acordo, a província britânica da Irlanda do Norte manteria as regulamentações europeias do mercado único.

"Isso eliminará todo controle regulatório do comércio de mercadorias entre a Irlanda do Norte e a Irlanda", disse Johnson em uma carta explicativa ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, publicada por Londres ao mesmo tempo que o texto.

No entanto, essas disposições devem ser aprovadas pelo Parlamento autônomo norte-irlandês antes de entrar em vigor, ao final de um período de transição e, posteriormente, a cada quatro anos.

A chamada "salvaguarda irlandesa" incluída no Tratado de Retirada negociado pela ex-premiê Theresa May e rejeitado três vezes pelo Parlamento britânico, previa que se uma solução melhor não tivesse sido alcançada até o final do período de transição, a Irlanda do Norte permaneceria no mercado único europeu.

O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, garantiu a Johnson por telefone que sua proposta não satisfaz "completamente" os objetivos em elação à fronteira com a vizinha Irlanda do Norte. A Eurocâmara também tem reservas sobre o novo plano.

"Ainda há muito trabalho a ser feito para alcançar os três objetivos da salvaguarda: a ausência de fronteiras, a proteção da economia irlandesa e a proteção do mercado único europeu", resumiu o negociador da UE Michel Barnier.

Abalada pelas incertezas em torno do Brexit em um contexto de preocupação com o crescimento econômico global, a Bolsa de Londres fechou com uam queda de 3,23%.

Em setembro, o Parlamento britânico aprovou uma lei que obriga Johnson a solicitar outro adiamento na ausência de um acordo até 19 de outubro, pouco depois de uma reunião de cúpula europeia.

Determinado a unir seu partido, dividido ao longo de décadas sobre o relacionamento com a UE, Johnson demonstrou todo seu carisma no final do congresso, brincando sobre seu relacionamento difícil com um parlamento que, desde sua chegada ao poder em julho, não deixa de frustrar todas suas iniciativas, em um ambiente crescente de confronto e caos.

"Se o parlamento fosse um reality show, todos nós já seríamos expulsos da selva. Mas pelo menos poderíamos ter visto o presidente da câmara ser forçado a comer um testículo canguru", disse, soltando risadas.

"Foi inspirador e também muito engraçado às vezes, mas ainda acho que ele não explicou como vamos deixar a UE no final de outubro", disse à AFP a delegada, Rosemary Hardwicke, da Ilha de Wight.

"Creio que temos que sair (da UE) em algum momento e isso se tornou muito longo", mas "eu preferiria que fosse com um acordo", acrescentou.


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