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Estado de Minas

Rússia enfrenta chegada em massa de pescadores norte-coreanos


postado em 28/09/2019 11:31

Pressionados pela pobreza, milhares de pescadores norte-coreanos arriscam suas vidas e entram nas águas territoriais russas do Pacífico para pescar, uma atividade perigosa para o meio ambiente e que irrita cada vez mais Moscou.

A centenas de quilômetros da fronteira com a Coreia do Norte, moradores do leste da Rússia garantiram à AFP que costumam ver barcos norte-coreanos em águas russas, onde praticam a pesca ilegal de lulas.

Na cidade costeira de Posiet, as autoridades alertaram esta semana a "chegada maciça" de pequenos barcos e pediram à população local que os informasse de sua presença.

A Guarda Costeira russa localizou mais de 400 pescadores norte-coreanos apenas em setembro. Um deles morreu durante uma disputa em que vários marinheiros russos ficaram feridos.

Segundo especialistas do setor pesqueiro, essa situação dificilmente mudará, pois as dificuldades econômicas forçam os norte-coreanos a pescar cada vez mais longe de suas costas.

Natalia Ivanovna, moradora de Olga, cidade localizada a 400 quilômetros da fronteira entre a Rússia e a Coreia do Norte, disse que viu "barcos e corpos" na costa.

A imprensa local informou no ano passado a descoberta do corpo de um pescador norte-coreano flutuando perto desta cidade, provavelmente morto no naufrágio de seu barco precário. Dezenas de corpos norte-coreanos foram encontrados nessa região.

Os cidadãos russos lamentam a poluição causada pelos barcos norte-coreanos e o impacto ambiental de sua prática recorrente de pesca de arrasto, prejudicial para o fundo do mar ao capturar todos os seres vivos em seu caminho.

"Eles não apenas praticam pesca, mas também destroem toda a vida marinha", diz Natalia Ivanovna.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, pediu na sexta-feira "medidas vigorosas" para resolver este problema. O Ministério das Pescas da Rússia declarou em comunicado que não concederá mais cotas de pesca em suas águas a Pyongyang, enquanto essa prática ilegal não acabar.

- "Único meio" -

Sob a lei russa, embarcações estrangeiras têm o direito de entrar nas águas da Rússia para se refugiar de tempestades.

Viatscheslav Dudina, oceanógrafo que vive em Vladivostok (leste da Rússia), lamenta que os norte-coreanos usem essa lei como um subterfúgio legal. "Teoricamente, uma tempestade não pode levá-los para a costa russa", defende esse especialista em declarações à AFP.

Dudina, que analisa imagens de satélite capturadas à noite, detectou um aumento constante no número de barcos norte-coreanos nas águas russas. Segundo esse oceanógrafo, seus pequenos barcos de madeira, que costumam ficar bloqueados no gelo no inverno, podem ser facilmente identificados graças às luzes.

Pelo menos 3.000 embarcações norte-coreanas foram detectadas em setembro na zona econômica russa, segundo Dudina, o que representa seis vezes o número total de navios de pesca russos no Extremo Oriente.

Georgi Martynov, um pescador russo, também lembra casos de barcos que ficaram à deriva, depois que suas hélices ficaram presas em redes de pesca norte-coreanas.

Os barcos da Coreia do Norte "entram em áreas de intensa navegação e não usam canais internacionais de comunicação", lamenta o chefe de uma associação regional de pescadores.

Apesar da crescente preocupação na Rússia, o número de incidentes deve continuar aumentando, adverte Andrei Lankov, especialista em Coreia do Norte, que lembra que os recursos marítimos norte-coreanos estão praticamente esgotados.

"Este é o único meio que eles têm para ganhar dinheiro", diz Lankov.

Segundo esse especialista, a exportação de peixe para a China é uma atividade econômica fundamental que alimenta centenas de milhares de pessoas na Coreia do Norte, um país com insegurança alimentar e altos níveis de pobreza.


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