Os Estados Unidos manterão 8.600 soldados no Afeganistão assim que o acordo de paz atualmente em negociação com os talibãs entrar em vigor para encerrar 18 anos de guerra - anunciou o presidente americano, Donald Trump, nesta quinta-feira (29).
"Vamos reduzir para 8.600 [as tropas] e depois avaliar a partir daí", disse Trump em entrevista à rádio Fox News.
"Sempre teremos presença no Afeganistão", acrescentou o magnata republicano.
Trump disse ainda que, se outro ataque aos Estados Unidos se originar no Afeganistão, "voltaremos com uma força como nunca antes".
Atualmente, entre 13 mil e 14 mil militares americanos se encontram estacionados no país.
Washington agora quer encerrar seu envolvimento militar e está conversando com os talibãs desde pelo menos 2018.
Trump afirmou que as tropas serão reduzidas apenas quando os talibãs garantirem que seu território não será usado pela Al-Qaeda, ou por outros grupos extremistas internacionais.
Os talibãs também querem os EUA fora do Afeganistão, mas o presidente americano enfatizou que não haverá retirada completa e que será mantida uma força que fornecerá "alta Inteligência".
"É preciso manter uma presença", concluiu ele.
- "Não se baseia na confiança" -
Não está claro o que uma saída dos Estados Unidos significará para o governo afegão, cujas próprias Forças Armadas treinadas pelos americanos correm o risco de sofrerem novos ataques dos talibãs.
Por enquanto, a Casa Branca parece se concentrar na segurança dos Estados Unidos, especialmente no que diz respeito a garantir que os talibãs cumpram e mantenham sua parte do trato.
"Somos conscientes da história dos talibãs e de sua complicada história com a Al-Qaeda, que é exatamente a razão pela qual qualquer acordo - caso se chegue a um - será tão estritamente monitorado e verificado", disse um porta-voz do Departamento de Estado.
"O acordo no qual estamos trabalhando não se baseia na confiança. Ele se baseará em requisitos e compromissos claros, sujeito a nosso monitoramento e verificação", acrescentou o assessor.
As tropas americanas foram enviadas pela primeira vez ao Afeganistão após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 em solo americano, lançados pela Al-Qaeda. A rede era protegida pelo antigo regime talibã.
Cerca de 2.400 soldados americanos morreram no país, e outros 20 mil ficaram feridos.
Ao resumir a posição cautelosa dos Estados Unidos nas negociações com os talibãs, o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Joseph Dunford, disse na quarta-feira (28) que não chamaria o processo de "retirada".
"Estou usando: 'vamos garantir que o Afeganistão não seja um santuário e tentar ter um esforço para trazer paz e estabilidade para o Afeganistão'", completou o general Dunford.