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Estado de Minas

Argentina promete estabilizar mercado cambial e cumprir meta fiscal


postado em 20/08/2019 18:07

O novo ministro da Fazenda da Argentina, Hernán Lacunza, prometeu estabilizar o mercado cambial e cumprir a meta fiscal acertada com o Fundo Monetário Internacional (FMI), durante coletiva de imprensa dada nesta terça-feira (20) ao assumir o cargo.

O objetivo será "garantir a taxa de câmbio como objetivo de primeira ordem neste processo eleitoral", afirmou o ministro, depois de a moeda se desvalorizar mais de 20% na semana passada.

"Garantiremos o cumprimento das metas fiscais", enfatizou o ministro, em meio aos temores do mercado, após o revés eleitoral do presidente Mauricio Macri nas primárias de 11 de agosto.

Lacunza assumiu hoje a pasta antes ocupada por Nicolás Dujovne, ministro desde janeiro de 2017 e principal promotor do acordo com o FMI que prevê um duro ajuste para alcançar o equilíbrio fiscal em troca de um empréstimo de US$ 56 bilhões.

"A taxa de câmbio está amplamente acima de seu valor de equilíbrio", afirmou Lacunza, referindo-se à desvalorização do peso. "Permitir maior volatilidade só acrescentaria incerteza e pressão inflacionária", acrescentou.

A moeda argentina reverteu a tendência de queda após a mensagem, fechando a 57,39 pesos por dólar, uma alta de 1,27% em relação à última sessão.

Já a Bolsa de Buenos Aires fechou em baixa de 10,45%, com as ações de instituições bancárias especialmente afetadas.

A bolsa reagiu mal à declaração do presidente do Banco Central, Guido Sandleris, de que as reservas internacionais estão disponíveis para moderar a taxa de câmbio e garantir a estabilidade do sistema financeiro.

"Acho que o presidente deveria cuidar das reservas, mas eles parecem decididos a liquidá-las para manter o preço do dólar", disse Alberto Fernandez, candidato ao kirchnerismo e favorito para vencer as eleições presidenciais. "Eu disse que o dólar a 60 pesos está bem", insistiu ele em entrevista à Radio 10.

- Evitar a moratória -

Em uma mensagem para tranquilizar investidores que lembram da crise de 2001 e do "corralito" ("cercadinho") que congelou as poupanças dos argentinos, o ministro garantiu que os bancos "têm liquidez suficiente para entregarem seus depósitos a quem quiser".

Segunda-feira foi feriado na Argentina e as bolsas e casas de câmbio ficaram fechadas. Ainda assim, as ações do país em Nova York caíram, e o risco-país medido pela JP Morgan superou os 1.800 pontos.

Nesse contexto, Lacunza pediu que os candidatos presidenciais dialogassem. "O mercado presta mais atenção ao futuro do que ao presente. Às vezes, mais importante do que o que governo pode fazer é o que a oposição pode dizer", declarou.

Fernández, que há alguns dias descartou a possibilidade de um calote caso chegue à presidência, reiterou na terça-feira que "ninguém sofreu mais com a moratória do que eu, ninguém a quer. Eu posso ajudar a dar essa certeza".

Fernández se referia ao período em que foi chefe de gabinete de Néstor Kirchner (2003-2007), depois que a Argentina declarou a moratória de sua dívida de 100 bilhões de dólares em 2001.

O FMI anunciou nesta terça que uma missão vai visitar a Argentina "em breve".

- Inflação mais alta -

O presidente do Banco Central ratificou a meta de estabilidade no mercado cambial para evitar uma intensificação da inflação (que somava 25% até julho).

"O recente salto na taxa de câmbio está tendo impacto negativo nos preços. A inflação, infelizmente, vai subir em setembro e outubro", antecipou Sandleris.

A Argentina está em recessão desde 2018, a pobreza atinge 32% da população, e o desemprego, 10,1%. A inflação acumulada em 12 meses é de 55% - uma das mais altas do mundo.

Norberto Ponte, dono de uma loja em Buenos Aires, disse à AFP que atravessa a situação "com muita inquietação, com muita incerteza. Estou extremamente preocupado com o futuro".

Até sexta, Lacunza, de 50 anos, era ministro da Economia do estado de Buenos Aires, governado por María Eugenia Vidal, partidária de Macri. De 2005 a 2010, durante os mandatos de Néstor e Cristina Kirchner, foi gerente do Banco Central.

O novo ministro "tem boas relações com os principais funcionários do governo. Ele é visto como competente por seu desempenho na província de Buenos Aires e foi uma das poucas alternativas que Macri tinha", analisou o centro de estudos Eurasia Group.


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