De acordo com o laudo preliminar da Polícia Federal (PF) divulgado nesta sexta-feira, o líder indígena Emyra Waiãpi, encontrado morto em julho em um rio no estado do Amapá, faleceu por afogamento e seu corpo não apresentava sinais de violência.
Indígenas e ONGs afirmavam que o cacique havia morrido de "forma violenta" quando garimpeiros ilegais invadiram a reserva da tribo Waiãpi. O corpo de Emyra foi exumado no início deste mês para ser autopsiado.
O laudo divulgado nesta sexta indica que o exame forense "não encontrou lesões traumáticas que poderiam ter causado a morte" e sugere fortemente o afogamento como causa da morte de Emyra Waiãpi", que ocorreu "entre 21 e 23 de julho", dia em que foi encontrado seu corpo.
A PF especifica que o laudo é preliminar, porque espera ainda os resultados da análise toxicológica complementar, que serão divulgados dentro de 30 dias.
O documento exclui a existência de lesões penetrantes, "negando a primeira notícia que dizia que o líder indígena foi esfaqueado até a morte". Também não foram encontradas "lesões de origem traumática" ou "estrangulamento" na região do pescoço.
O relatório descarta a existência de lesões profundas, "desmentindo as primeiras notícias que indicavam que o líder indígena teria sido morto a facadas". Também não foram encontradas na região do pescoço "lesões traumáticas ou sulcos evidenciáveis de enforcamento".
A morte do cacique causou comoção dentro e fora do Brasil, em um momento de tensões causadas pelo apoio do governo Jair Bolsonaro às políticas para a exploração dos recursos da Amazônia, inclusive em reservas indígenas e em áreas protegidas.
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, condenou a morte do líder indígena e a associou com as políticas do presidente.
Mas Bolsonaro disse que "não havia provas fortes" de que fosse um assassinato.
Rica em ouro, magnésio, ferro e cobre, a terra dos Waiãpis sofre crescentes pressões de garimpeiros, pecuaristas e madeireiros.