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Estado de Minas

Presidente argentino anuncia aumentos salariais após revés eleitoral


postado em 14/08/2019 14:55

O presidente argentino, Mauricio Macri, anunciou nesta quarta-feira aumentos salariais e cortes de impostos, em uma tentativa de recuperar apoio da população nas eleições presidenciais de outubro, alterando suas políticas de austeridade.

Macri, que sofreu um duro revés eleitoral nas primárias de domingo contra o peronista de centro-esquerda Alberto Fernández, anunciou benefícios salariais, redução de tributos para os trabalhadores e congelamento do preço da gasolina por 90 dias.

Quanto ao aumento no salário mínimo, atualmente de 12.500 pesos (208 dólares) e que está abaixo do custo da cesta básica, o valor ainda não foi especificado. Esta medida beneficiará dois milhões de trabalhadores.

"Minha tarefa é garantir a governança. O diálogo é o único caminho. A incerteza causou muitos danos e nos obriga a sermos responsáveis. Quero transmitir paz de espírito neste processo eleitoral que começou", disse o presidente em uma mensagem divulgada antes da abertura dos mercados, abalados desde segunda por uma corrida cambial.

Em reação aos resultadores eleitorais, a moeda argentina se desvalorizou quase 20%, e a Bolsa de Buenos Aires caiu 38%, enquanto ações e títulos argentinos despencavam em Nova York.

Após o anúncio de quarta, a moeda argentina continuou a perder valor, cotada a 61,50 pesos por dólar no meio da tarde.

- Medidas tardias -

Macri "toma essas medidas tardidamente, sem levar em conta as consequências. Tenta estimular o consumo, e isso não é ruim, mas deve ser feito no âmbito de um acordo de 180 dias, senão é arriscado", explicou seu rival Fernández ao El Destape Radio.

"É como o Pai Nosso que os ateus rezam antes de morrer. Não adianta", acrescentou.

As medidas vão se estender até o fim do ano e terão um custo fiscal de 40 bilhões de pesos (665 milhões de dólares).

Macri, que termina o mandato em 10 de dezembro, está cumprindo um programa de forte ajustei, acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca de um crédito de 56 bilhões de dólares.

- 'Cansados' -

O mandatário anunciou um pacote de medidas "para aliviar o bolso dos argentinos", já afetados por uma inflação de 22,4% entre janeiro e junho, e que sofrerão um novo golpe devido à desvalorização da moeda. Em junho, no acumulado de 12 meses, somou 55,8% - uma das mais altas do mundo.

"O que lhes pedi foi muito difícil, foi como escalar o (monte) Aconcágua. Estão afetados e cansados. Chegar ao fim do mês se transformou em uma tarefa impossível", admitiu o presidente sobre seus três anos e meio de governo.

Diante do chamado dos setores produtivos para que Macri e Fernández alcancem um consenso mínimo que acalme os mercados, Fernández descartou um encontro com o presidente pois não deseja ser "cúmplice de suas decisões".

Contudo, afirmou que "Macri deve governar até o último dia, conta com minha ajuda para que termine seu mandato, que não deve ser posto em xeque".

O analista Michael Shifter, do centro de estudos Diálogo Interamericano, opinou que "se Macri chegar à linha de meta para transferir os poderes dependente em grande medida do que disser e fizer nos próximos dois meses".

"Seu discurso de segunda (após a derrota) alertando sobre o retorno de Cristina Kirchner e sugerindo que quem vota contra ele não entende a realidade do país não foi tranquilizador", opinou à AFP.

A intenção do governo é que as medidas atinjam 17 milhões de trabalhadores e suas famílias, bem como pequenas e médias empresas.

"Refletem a necessidade de focar nos setores que foram mais afetados pela crise econômica e que viraram as costas ao presidente nas primárias. Mostram a necessidade de recuperar ao menos uma parte desses eleitores", avaliou Paula García Tufro, especialista do Atlantic Council.


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