Um documentário da BBC emitido nesta quarta-feira relançou as acusações de antissemitismo no Partido Trabalhista, principal formação da oposição britânica, ao atribuir a altos responsáveis ingerência na gestão dos casos de antissemitismo.
A equipe encarregada de administrar os conflitos dentro do partido tem que funcionar de forma independente das estruturas políticas da formação, incluindo o gabinete do líder, Jeremy Corbyn.
Mas Sam Matthews, antigo responsável de tratamento dos conflitos internos, declarou no programa Panorama da BBC que havia considerado como uma "ordem" um e-mail enviado em março de 2018 por Seumas Milne, chefe da comunicação de Corbyn, em que lhe pedia que revisasse a forma como tratava as queixas.
A secretária-geral do partido, Jennie Formby, também é acusada de ingerência no processo disciplinar.
O partido negou qualquer ingerência e criticou a BBC por tratar o tema de forma "injusta" e "desequilibrada".
"Rejeitamos totalmente qualquer afirmação segundo a qual o Partido Trabalhista é antissemita. Somos solidários com o povo judeu e tomamos medidas decisivas para eliminar o câncer social do antissemitismo do nosso movimento e da nossa sociedade", reagiu nesta quarta à noite o serviço de imprensa da formação, no Twitter.
A BBC entrevistou oito antigos responsáveis trabalhistas, dos quais sete trabalharam no departamento encarregado das queixas e dos conflitos do partido.
O documentário também dá a palavra a membros da formação de confissão judia, que descrevem os insultos que receberam.
Segundo o programa, na primavera havia-se recebido mais de mil queixas, e só 15 pessoas haviam sido excluídas. Ao ser perguntado sobre isso, Andrew Gwynne, encarregado das comunidades dentro dos Trabalhistas, explicou que havia "muitos casos em andamento" e que algumas pessoas que estavam sendo investigadas decidiram abandonar o partido voluntariamente.
As acusações de antissemitismo sacodem o Partido Trabalhista há anos, e aumentam as divisões entre os que denunciam a complacência de Jeremy Corbyn e da ala esquerdista, que defende seu chefe.
