Mais de 30.000 pessoas se manifestaram em várias cidades da Alemanha, neste sábado (6), em solidariedade com a capitã do navio humanitário "Sea-Watch", assim como para reivindicar ajuda para os migrantes resgatados pelas ONGs no Mediterrâneo - informam os organizadores dos protestos.
Cerca de oito mil teriam participado da manifestação em Berlim, e outras quatro mil, em Hamburgo, relata o coletivo Seebrücke. Marchas e outras concentrações pacíficas foram realizadas em pelo menos 100 cidades alemães.
"O resgate no mar não conhece fronteiras, assim como nossa solidariedade", disse a capitã do "Sea-Watch", Carola Rackete, em mensagem enviada aos manifestantes em Berlim.
"A irresponsabilidade dos Estados europeus me obrigou a agir como agi", acrescentou a jovem alemã, que está na Itália.
No comando do "Sea-Watch", Rackete foi detida, depois de atracar sem autorização na semana passada na ilha italiana de Lampedusa. Seu objetivo: desembarcar 40 migrantes resgatados e bloqueados a bordo por mais de duas semanas.
Na terça-feira, um tribunal italiano anulou sua detenção, alegando que agiu para salvar vidas. Duas investigações diferentes - por resistência a um oficial e por ajuda à imigração clandestina - continuam em curso contra ela.
Rackete provocou uma onda de solidariedade na Alemanha, enquanto se multiplicam as vozes para exigir a acolhida de migrantes socorridos no Mediterrâneo.
A multidão de ativistas reivindicou, sobretudo, que Berlim assuma os migrantes atualmente a bordo de duas embarcações: o navio "Alex", que atracou neste sábado em Lampedusa; e o "Alan Kurdi", ainda em águas internacionais.
Com coletes salva-vidas, os manifestantes em Berlim denunciaram a criminalização do resgate em alto-mar e criticaram particularmente o ministro italiano do Interior, Matteo Salvini.
Desconhecida até ser detida, Carola Rackete diz ter-se sentido abandonada pelos governos europeus durante sua odisseia com os migrantes resgatados.
"Meu sentimento, que é o mesmo em nível nacional e internacional, é que ninguém quer realmente ajudar", declarou ela à revista semanal "Der Spiegel".