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Estado de Minas

Rápido degelo da Antártica começou em 2014 e causa ainda é desconhecida


postado em 02/07/2019 13:01

Depois de décadas de expansão, um estudo americano quantificou a vertiginosa velocidade da redução da camada de gelo na Antártica desde 2014, ano que marcou um ponto de inflexão para esse continente.

"Em apenas três anos, a Antártica perdeu tanto gelo quanto o Ártico" em 40 anos, disse à AFP Claire Parkinson, especialista em clima da Nasa (a Agência Espacial americana), que publicou ontem nos Anais da Academia Americana de Ciência (PNAS) um estudo que analisa as mudanças na massa de gelo antártico de 1979 a 2018.

Os cientistas já sabiam que a Antártica estava derretendo cada vez mais rápido, como o Ártico, devido à descarga de água cada vez maior das geleiras.

Durante décadas, observou-se um fenômeno ao mesmo tempo tranquilizador e intrigante: a banquisa, ou seja, a grossa camada de gelo que flutua no oceano, crescia.

A climatologista Claire Parkinson, do Centro Espacial Goddard da Nasa, reconstruiu a história mais precisa desta banquisa da Antártica entre 1979 e 2018, coletando e analisando dados de cinco satélites da agência americana e o Pentágono. Estes equipamentos não observam os volumes, apenas sua extensão.

A cientista publicou estes dados de referência, na segunda-feira, no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

A camada de gelo se derretia no verão (janeiro-março) e se recuperava no inverno (julho-setembro). Com o tempo, passou a crescer em todas as estações.

Algo misterioso aconteceu, porém, depois de 2014. Desde então, os icebergs diminuem de tamanho.

Em 2014, a camada de gelo antártica estava em seu máximo já registrado para estes dados. Em 2017, atingiu um mínimo. A perda chega a dois milhões de quilômetros quadrados, pouco mais do correspondente à superfície do México. Aparentemente, a tendência continua em 2019, acrescenta a climatologista.

- Diferentes hipóteses -

Os cientistas não sabem por que o gelo aumentou durante tanto tempo, nem o motivo pelo qual está derretendo hoje.

Existem várias hipóteses que levam em conta o buraco da camada de ozônio, os ventos, as correntes, ou a temperatura das águas profundas, mas nenhuma explica, de forma categórica, a mudança de 2014.

"Na minha opinião, nenhuma hipótese está correta", disse à AFP o oceanógrafo Douglas Martinson, da Universidade de Columbia, que participou do comitê de revisão por pares que validou o artigo.

O cientista adverte que comparar o Ártico com a Antártica equivale a "comparar maçãs com caminhões militares".

O Ártico é um oceano cercado de terra, enquanto a Antártica é um continente cercado de oceanos, onde os icebergs estão menos pressionados.

A Antártica não passa por elevação de temperatura e continua sendo o lugar mais frio do planeta, assim como sua maior reserva de água doce. Suas montanhas de gelo contêm um volume capaz de elevar o nível dos oceanos em 57 metros, apontava um estudo em 2013.

Chris Rapley, um climatologista da University College London, afirma que os ganhos iniciais de gelo antes de 2014 não contradiziam o fato de o planeta estar ficando mais quente.

"Apenas mostra que, em um sistema complexo e interconectado, podem acontecer coisas contraintuitivas, pelo menos por um período de tempo", escreveu o pesquisador.

"Tendemos a buscar explicações simplistas de causa e efeito, mas, na realidade, a situação é muito mais complexa e matizada", conclui.


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