Os ministros de Finanças dos países do G20 se reunirão neste fim de semana no Japão com a guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos em sua agenda pelo temor de que coloque em risco o crescimento econômico mundial.
O confronto entre a China e os Estados Unidos, que teve início há um ano, ganhou força novamente em 10 de maio com o fim abrupto das negociações.
As duas potências aplicam mutuamente tarifas punitivas e parecem longe de um acordo na guerra comercial, que agora pode se estender também ao México.
O presidente americano Donald Trump e seu homólogo chinês Xi Jinping deveriam se reunir na cúpula de líderes do G20, prevista para o fim de junho em Osaka.
Por ora, os ministros de Finanças e governadores de bancos centrais do G20 vão discutir o tema neste fim de semana em Fukuoka, no sudoeste do Japão, em meio a um clima de pessimismo acerca da economia mundial. Em paralelo, os ministros de Comércio vão ter reuniões no norte do Tóquio.
"A prioridade absoluta é resolver as tensões comerciais", afirmou Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), em um artigo publicado antes da reunião.
Lagarde também forneceu números alarmistas segundo os quais o conjunto de novas tarifas impostas por Washington e Pequim poderia reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) global em 0,5 ponto em 2020, de acordo com as estimativas de sua organização.
O Banco Mundial também compartilha dessa preocupação e rebaixou as previsões de crescimento global para este ano para 2,6% na terça-feira, ante 2,9% estimados anteriormente.
Os Estados Unidos, que estão lutando contra os "desequilíbrios comerciais", não parecem querer ceder às pressões. "O comércio será um dos tópicos da conversa", com o objetivo de "tentar reduzir certas práticas injustas", disse um funcionário do Tesouro dos EUA.
O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, marcou várias reuniões bilaterais, incluindo o governador do banco central chinês, Yi Gang.
Apesar das divergências, o G20 de Finanças tentará enviar uma mensagem positiva "para acalmar os medos e evitar que a confiança se degrade ainda mais", disse Kenji Yumoto, economista do Japan Research Institute.
A princípio, um comunicado comum é esperado quando a reunião termina, mas "nunca se sabe", disse o funcionário dos EUA. Desde a chegada de Trump ao poder em 2017, a elaboração dos comunicados finais em reuniões internacionais tem sido complicada e em muitos casos a menção contra o protecionismo, habitual até agora, desapareceu.
De acordo com Tomoya Kondo, do instituto de pesquisa Daiwa, "mensagens fortes e políticas coordenadas" deste encontro não podem ser esperadas.
"Apesar das incertezas no horizonte, no momento não estamos em crise", acredita. O objetivo do Japão "é que Trump não se isole e não se torne ainda mais extremo".