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Estado de Minas

Encontro internacional vai discutir destruição da natureza pelo ser humano

150 especialistas de 50 países trabalharam durante três anos, reunindo milhares de estudos sobre biodiversidade que alertam sobre a situação do planeta


postado em 26/04/2019 11:05 / atualizado em 26/04/2019 11:42

Degelo das calotas polares é uma das maiores ameaças à vida na Terra(foto: Pexels)
Degelo das calotas polares é uma das maiores ameaças à vida na Terra (foto: Pexels)

Como deter a destruição da natureza, vital para a humanidade? Governos e cientistas se reúnem na semana que vem em Paris para alertar sobre o estado dos ecossistemas do planeta, atingidos, como o clima, pela ação do homem.

Esta avaliação mundial é a primeira em quase 15 anos: 150 especialistas de 50 países trabalharam durante três anos, reunindo milhares de estudos sobre biodiversidade.

Seu informe de 1.800 páginas será submetido a partir de segunda-feira aos Estados-membros da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), que discutirão ponto por ponto.

"O patrimônio ambiental mundial - a terra, os oceanos, a atmosfera e a biosfera -, do qual depende a humanidade está sendo alterado em um nível sem precedentes, com impactos em cascata sobre os ecossistemas locais e regionais", indica o rascunho do resumo do informe obtido pela AFP, que ainda poderá ser modificado.

Água potável, ar, insetos polinizadores, florestas que absorvem o CO2... A constatação sobre estes recursos é tão alarmante como o último informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que no ano passado destacou a brecha crescente entre as emissões de gases de efeito estufa e o objetivo de limitar a mudança climática e seus efeitos catastróficos.

O texto relaciona além disso a perda de biodiversidade com o aquecimento, na medida em que ambos os fenômenos estão acentuados em parte pelos mesmos fatores, como as práticas agrícolas e o desmatamento, responsáveis por cerca de um quarto das emissões de CO2 mas também por graves danos aos ecossistemas.

A exploração de terras e de recursos (pesca, caça) são as maiores causas da perda de biodiversidade, seguidas das mudanças climáticas, da poluição e das espécies invasivas.

Rompimento de barragem
Rompimento de barragem "matou" Rio Paraopeba, em MG (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
 

6ª extinção em massa


O resultado é "uma aceleração rápida, iminente do nível de extinção de espécies", segundo o rascunho. Das oito milhões de espécies estimadas no planeta - das quais 5,5 milhões são de insetos -, "entre meio milhão e um milhão estarão ameaçadas de extinção, muitas delas nas próximas décadas".

Estas projeções correspondem às advertências de muitos cientistas que estimam que a Terra está no início da "6ª extinção em massa", a primeira desde que o homem habita o planeta.

Mas várias fontes próximas às negociações lamentaram que o projeto de síntese não seja tão claro e não mencione esta extinção em massa.

"Não há dúvida de que estamos caminhando em direção à 6ª extinção em massa, a primeira causada pelo homem", declarou recentemente à AFP o presidente do IPBES, Robert Watson. "Mas não é algo que o público possa ver facilmente".

Para que haja uma tomada de consciência, "é preciso dizer a eles que perdemos insetos, florestas, espécies carismáticas".

Também "os governos e o setor privado devem começar a levar a sério a biodiversidade, tanto quanto o aquecimento", insistiu o cientista.

Incêndios estão acabando com a cobertura florestal do planeta(foto: Pixabay)
Incêndios estão acabando com a cobertura florestal do planeta (foto: Pixabay)


Um ano antes da esperada reunião na China dos Estados-membros do Convênio da ONU sobre Diversidade Biológica (COP15), muitos especialistas esperam que o informe do IPBES seja uma etapa crucial em direção a um acordo de envergadura como o assinado em Paris em 2015 contra a mudança climática.

A WWF espera que esta COP15 fixe "objetivos de alto nível".

"Se queremos um planeta sustentável em 2050, devemos contar com uma meta muito agressiva para 2030", indicou Rebecca Shaw, cientista-chefe da ONG. "Devemos mudar de trajetória nos próximos 10 anos, como com o clima".

Mas dado que os remédios para o aquecimento global que implicam mudanças maiores no sistema produtivo e de consumo já suscitam grandes resistências, o que acontecerá com a biodiversidade?

"Será ainda mais difícil, porque as pessoas são menos conscientes dos problemas de biodiversidade", afirma Jean-François Silvain, presidente da Fundação francesa para a Pesquisa sobre a Biodiversidade. 


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