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Estado de Minas

Os sinos da França tocam por Notre-Dame, e o governo inicia consultas para reconstrução


postado em 17/04/2019 21:07

Os sinos de todas as igrejas da França tocaram juntos nesta quarta-feira em homenagem à Notre-Dame, 48 horas depois de um incêndio ter destruído grande parte do monumento histórico, enquanto o governo anunciava medidas para concluir sua reconstrução em cinco anos.

Os sinos de igrejas e catedrais da França dobraram às 18H50 local (13H50 de Brasília), hora exata do início do incêndio da segunda-feira, supostamente provocado por um acidente e que destruiu completamente o teto e a torre em agulha do famoso monumento.

Decidido a reconstruir rapidamente este símbolo da história do país, o primeiro-ministro, Edouard Philippe, anunciou nesta quarta-feira uma série de medidas para cumprir o prazo de cinco anos estipulado na véspera pelo presidente Emmanuel Macron para a reconstrução.

"É um desafio imenso, uma responsabilidade histórica, a obra da nossa geração e para as gerações futuras", declarou Philippe após uma reunião de gabinete dedicada exclusivamente ao restauro daquele que era até a última segunda-feira o monumento mais visitado da Europa, com 12 milhões de turistas por ano.

Entre as medidas decididas, Philippe anunciou que vai convidar arquitetos de todo o mundo a participar de um concurso para determinar se é possível reconstruir, e como, a agulha da catedral, construída entre 1859 e 1860 pelo arquiteto francês Eugène Viollet-le-Duc.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ofereceu também a ajuda dos "grandes especialistas" do país para a obra no local, declarado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1991.

- Polêmica que nasce -

Assim que os bombeiros apagaram completamente as chamas na manhã de terça, começaram a surgir promessas de doações para restaurar a famosa catedral gótica, que durante séculos foi fonte de inspiração para artistas e escritores.

Em 24 horas, o valor total da ajuda oferecida por magnatas e grandes corporações superava os 800 milhões de euros (cerca de 3,5 bilhões de reais).

O gigante petroleiro Total deu 100 milhões de euros, o mesmo montante cedido pela família de François Pinault, proprietário do grupo Kering, que comercializa marcas como Gucci e Yves Saint Laurent. Já o grupo LVMH e a família Bettencourt-Meyers, herdeira da L'Oréal, disponibilizaram 200 milhões de euros cada.

Mas a exorbitante soma prometida despertou críticas entre membros da oposição, líderes sindicais e os "coletes amarelos", que ficaram surpresos pela arrecadação recorde desta magnitude para salvar um monumento, quando há outras prioridades no país.

"Se são capazes de dar dezenas de milhões para reconstruir Notre-Dame, que deixem de nos dizer que não há dinheiro para atender a emergência social", denunciou Philippe Martinez, secretário-geral da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), um dos principais sindicatos franceses.

- "Gratidão da Igreja" -

As imagens da Notre-Dame sendo consumida pelas chamas horrorizaram o mundo.

Dois dias depois, a emoção seguia latente entre parisienses e turistas, que se aproximavam para ver o estado da catedral, situada no coração da capital francesa, às margens do rio Sena, e depositavam rosas em homenagem.

Alguns choravam ao ver os danos no edifício, considerado como uma joia arquitetônica da Idade Média. Através das portas entreabertas da catedral, era possível ver uma pilha de escombros e muitas vigas que sustentavam o teto caídas no chão da nave central.

O incêndio durou mais de 12 horas, mas a estrutura da construção resistiu, graças ao trabalho de centenas de bombeiros. Caso eles demorassem mais "quinze minutos ou meia hora" para dominar as chamas, o prédio poderia ter ido ao chão, informou o secretário de Estado de Interior, Laurent Nuñez.

Nesta quarta, os peritos foram pela primeira vez na parte superior do templo para iniciar o trabalho de análise das causas do incidente.

De acordo com o procurador de Paris, Rémy Heitz, as autoridades responsáveis pela investigação privilegiam a pista de um acidente "potencialmente ligado" às obras de restauração do teto. Para ajudar a elucidar o caso, cerca de 30 testemunhas, entre operários que trabalhavam na reforma do teto da catedral e agentes de segurança do local, foram interrogados na terça-feira pela Brigada Criminal, enquanto outros interrogatórios ocorreram nesta quarta.

Vários dos tesouros da catedral foram salvos, como a Santa Coroa de espinhos, que a tradição católica diz que foi usada por Jesus Cristo na crucificação. O grande órgão da Notre-Dame, também escapou das chamas, apesar de poder ter sofrido alguns danos.

O papa Francisco expressou seu agradecimento aos bombeiros. "A gratidão de toda a Igreja vai para aqueles que fizeram tudo que puderam, inclusive arriscando suas vidas, para salvar" a catedral, afirmou.

Monsenhor Patrick Chauvet, vigário geral da arquidiocese de Paris, também prestou homenagem a eles por proteger "estes tesouros inestimáveis".

"Os policiais retiravam cruzes, os bombeiros pinturas", destacou uma fonte da prefeitura de Paris.

Notre-Dame acompanhou a história de Paris desde a Idade Média. Sob suas abóbodas Napoleão foi coroado imperador em 1804, enquanto seus sinos anunciaram em 24 de agosto de 1944 a libertação da cidade do domínio nazista. Além disso, no seu interior foram realizados funerais de chefes de Estado como Charles de Gaulle e François Mitterrand.


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