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Estado de Minas

Falta de artesãos pode atrasar reconstrução de Notre-Dame


postado em 17/04/2019 10:19

A falta de artesãos qualificados e o debate sobre as modalidades de reconstrução da catedral de Notre-Dame de Paris são os principais desafios para a obra titanesca - avalia um arquiteto que participou da restauração do Castelo de Windsor.

"Encontrar artesãos suficientes capazes de trabalhar pedra, madeira, chumbo, vidro (...) é um desafio para o setor em toda Europa", disse à AFP Francis Maude, diretor do estúdio de arquitetura Donald Insall Associates, baseado em Londres.

"Outros grandes projetos enfrentam as mesmas dificuldades, como o Palácio de Westminster, onde trabalhamos em Londres", diz ele.

Esta falta de mão de obra qualificada "pode ser um elemento-chave que irá determinar o ritmo e talvez algumas das decisões tomadas no processo de restauração" da Notre-Dame, acredita o arquiteto, cujo estúdio foi contratado para trabalhar na restauração do castelo de Windsor (oeste de Londres).

A residência preferida da rainha Elizabeth II, um castelo medieval iniciado no século XI, foi devastada por um incêndio em 1992. A reconstrução levou dois anos, ao custo de 36,5 milhões de libras.

As peças mais belas recuperaram seu estado original, outras foram modernizadas.

Para Maude, a questão do respeito pela arquitetura original da Notre-Dame poderia provocar "discussões sérias" para sua reconstrução.

"Alguns vão pensar que a única maneira de restaurar Notre-Dame é fazendo exatamente como antes", sustenta.

Mas a restauração pode se inspirar nos trabalhos do pós-Primeira Guerra Mundial na catedral de Reims, cujo telhado foi restaurado com um de aço resistente ao fogo.

O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anunciou nesta quarta-feira o lançamento de "um concurso internacional de arquitetura para a reconstrução da agulha" de Notre-Dame, destruída pelas chamas.

- "Renovação" -

A catedral de Notre-Dame também mudou com o tempo, lembrou Maude, citando as obras do arquiteto francês Eugène Viollet-Le-Duc no século XIX.

Algumas partes da catedral parisiense poderiam ser modernizadas, para torná-la mais segura.

Provavelmente levará vários meses, porém, até que a limpeza termine e o dano seja avaliado para determinar o que pode ser feito.

"Há uma dificuldade particular que me ocorre: o fato de a catedral ser construída em grande parte com pedras calcárias", continua Maude.

Exposta a temperaturas superiores a 800ºC, "a pedra calcária se decompõe por reação química (...) e é difícil utilizá-la novamente".

"Eu imagino que haverá uma grande parte da superfície histórica da obra que estará perdida, mas talvez haja mais pedras dentro das paredes que possam ser reutilizadas".

O interior relativamente vazio da catedral pode jogar a favor. Em Windsor, houve mudanças diferentes ao longo dos séculos que resultaram em uma complexa rede de espaços vazios atrás das paredes, diz Maude.

O fogo será "talvez um símbolo de renovação" para a Notre-Dame, afirma, evocando a possibilidade de que a restauração possa traduzir a expressão "de um temperamento artístico de nosso tempo".


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