Duas ONGs lançaram um pedido de socorro nesta terça-feira (9) para salvar cerca de 30 crianças venezuelanas que precisam se submeter a transplantes de medula óssea no exterior, mas não tiveram êxito devido à suspensão de um programa de ajuda do governo.
"No ano de 2018 este acordo foi suspenso por dívidas e atrasos que o Estado venezuelano teve com os pagamentos (...) Estamos falando de 30 crianças que precisam ser transplantadas, 20 delas com urgência", disse a advogada Katherine Martínez, da ONG Prepara Familia, em uma coletiva de imprensa com várias mães dessas crianças.
Assinado em 2006 entre a Itália e a Venezuela, o programa foi concebido para atender crianças com leucemia e outras patologias que não tinham doadores na Venezuela e que precisavam se submeter a um transplante de medula óssea.
As transferências eram organizadas pela Fundação para Transplante de Medula Óssea (FTMO) com financiamento da estatal petrolífera PDVSA, mas essa empresa "argumenta falta de recursos devido a bloqueios nos Estados Unidos", disse Carlos Trapani, coordenador da ONG Cecodap, que defende os direitos das crianças.
No entanto, Trapani argumenta que "as falhas não são novas, porque em abril de 2004, uma sentença ordenou o tratamento de todas as crianças com leucemia, não é uma questão de bloqueios ou sanções".
Estão na lista de espera pacientes do hospital infantil J.M.de los Ríos, em Caracas, com aplasia medular, anemia grave, talassemia maior e vários tipos de leucemia (câncer no sangue).
Por causa do atraso nos transplantes, as crianças precisam passar por transfusões de sangue que causam outras complicações, como o acúmulo de ferro, que só pode ser tratado com remédios que a Venezuela não tem há anos, disseram as duas ONGs em um comunicado.