O presidente americano Donald Trump destacou nesta terça-feira o bom momento que as relações Estados Unidos-Brasil estão passando ao receber seu colega brasileiro Jair Bolsonaro na Casa Branca.
"O Brasil e os Estados Unidos nunca estiveram mais próximos do que estamos agora", declarou Trump a Bolsonaro ante a imprensa reunida no Salão Oval.
Trump aproveitou a coletiva para enfatizar que seu país avalia "todas as opções" para forçar a saída do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, cujo mandato é desconhecido como resultado de eleições fraudulentas.
"Todas as opções estão na mesa", disse Trump a repórteres na Casa Branca.
"É uma pena o que está acontecendo na Venezuela", acrescentou ele ao receber Bolsonaro, outro feroz crítico de Maduro.
Após a reunião no Salão Oval, os dois líderes terão um almoço de trabalho e uma coletiva de imprensa conjunta nos jardins da Casa Branca.
"Esta é uma oportunidade potencialmente histórica para redirecionar as relações entre nossos dois países, as duas maiores democracias do hemisfério ocidental", disse aos repórteres o assessor de Segurança Nacional de Trump, John Bolton, antes do encontro.
Os dois, populistas de direita e extrema direita conhecidos por sua retórica polêmica, tuiteiros compulsivos e com sintonia em temas que vão do comércio à segurança.
"É o começo de uma associação centrada na liberdade e na prosperidade", tuitou Bolsonaro, ao começar a viagem no domingo.
Em uma entrevista para a Fox News - canal de televisão ligado a Trump -, Bolsonaro disse que tem muito em comum com seu colega americano.
"Eu sempre o admirei. Não vou negar isso. Fui muito criticado por causa disso, mas obviamente não negarei o que penso. Não sou um camaleão."
Para os Estados Unidos, o encontro é uma oportunidade histórica de firmar o vínculo com o Brasil, disse o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton.
"Embora tenhamos tentado estar perto do Brasil ao longo dos anos, foi difícil em administrações anteriores", declarou ele à TV Globo, prometendo responder à promessa de Bolsonaro de se aproximar de Washington, especialmente depois dos recentes governos de esquerda.
- 'Os EUA estão contigo!' -
A Casa Branca antecipou um relançamento das relações bilaterais desde a eleição de Bolsonaro em outubro passado. E, para isso, aposta na relação pessoal entre ambos.
"Os dois vão se dar muito bem", garantiu Bolton, que visitou o Brasil para se reunir com Bolsonaro em novembro.
Trump não hesitou em confirmar seu apoio minutos após a posse de Bolsonaro em 1º de janeiro: "Os Estados Unidos estão contigo!", tuitou.
"Realmente haverá um eixo Norte-Sul das duas maiores economias do hemisfério ocidental", disse à imprensa um funcionário de alto escalão do governo Trump, para quem a vitória de Bolsonaro "rompeu muitos tabus" sobre a influência dos Estados Unidos na região e na esquerda.
- "Vou abrir meu coração" -
Bolsonaro disse que a conversa entre ambos se baseará, em grande medida, no processo de ajuda mútua.
"Temos muito em comum", disse Bolsonaro na segunda-feira à noite à rede Fox News.
"Estou disposto a abrir meu coração para ele e fazer o que for em benefício tantos dos brasileiros como dos americanos", afirmou.
O Brasil deseja ingressar na OCDE, um clube de ricas democracias. E Washington fará todo o possível para ajudar, disse esse funcionário do governo americano, que pediu para não ser identificado.
Segundo a imprensa local, os Estados Unidos também poderão conceder ao Brasil o status de "aliado preferencial fora da Otan". Isso abriria as portas para tecnologia, cooperação e recursos de defesa.
Além das novidades esperadas no plano agrícola e comercial, "a Venezuela certamente será parte da discussão", em particular pelo bom vínculo entre os militares venezuelanos e brasileiros, disse a mesma fonte ouvida pela AFP.