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Estado de Minas

Dia de calma na Argélia após candidatura de Buteflika


postado em 04/03/2019 18:25

Muitos argelinos reprimiam, nesta segunda-feira (4), a sua raiva depois de uma noite de protestos contra a formalização pelo presidente Abdelaziz Bouteflika de sua candidatura para um quinto mandato.

Os manifestantes não foram dissuadidos nem pela promessa de Buteflika de que, se for eleito, organizará eleições antecipadas e vai se abster de uma nova candidatura.

Nesta segunda-feira houve manifestações, muitas lideradas por estudantes, por todo o país, enquanto o grupo presidencial comemorou as promessas do chefe de Estado, apresentadas em uma carta no domingo depois de apresentar a sua candidatura ao Conselho Constitucional.

O presidente "escutou atentamente o povo argelino, posto que se comprometeu a consentir à sua principal reivindicação, ou seja, uma mudança de sistema", explicou seu partido, a Frente de Libertação Nacional (FLN).

Seu principal aliado, o Reagrupamento Nacional Democrático (RND) do primeiro-ministro Ahmed Uyahia, considerou que foi dada "uma resposta exaustiva às demandas dos cidadãos" e que esperava que voltasse à "tranquilidade".

Ainda assim, nesta segunda-feira os protestos ocorreram em várias cidades como Constantina (nordeste), a terceira cidade do país, onde 1.000 pessoas se reuniram, segundo disse um jornalista local à AFP.

Houve também marchas de estudantes em Guelma (norte), de acordo com o portal da TSA; em Setif (norte) e Tlemecen (noroeste), segundo vídeos publicados nas redes sociais.

Além disso, muitos anunciaram que participarão das marchas marcadas para sexta-feira, primeiro dia do final de semana e oração nas mesquitas. As duas sextas-feiras anteriores foram marcadas por grandes manifestações.

Esta candidatura "é um insulto ao povo", afirma Mohamed, questionado pela AFP no bairro popular de Bab el Uued.

Este aposentado de 69 anos disse estar pronto para protestar "pela primeira vez" na próxima sexta-feira: "Querem que acreditemos que [Buteflika] é o Messias, que é um profeta, que só ele pode salvar o país".

Karim, um desempregado de 22 anos, é mais direto: Buteflika "acha que somos idiotas. Dissemos que não e é não! Somos o povo, 42 milhões de pessoas. Não será um punhado [de dirigentes] que imporá sua lei sobre nós".

- 'Humilhação insuportável' -

Fisicamente debilitado por um acidente vascular cerebral (AVC) em 2013, que lhe causou afasia e uma grande perda de mobilidade, Buteflika deve, a menos que haja uma surpresa inesperada, ver sua candidatura ser validada pelo Conselho Constitucional.

O Conselho é composto de pessoas leais ao chefe de Estado e deve decidir sobre a candidatura antes de 14 de março.

O retorno à Argélia de Buteflika, hospitalizado na Suíça há mais de uma semana para fazer "exames médicos periódicos", ainda não foi anunciado.

O dirigente ainda não falou diretamente aos argelinos desde que sofreu o icto e raramente aparece em público.

Majda, uma estudante de Medicina de 23 anos, se diz "envergonhada" de dizer que é argelina. "Nós somos a chacota do mundo inteiro".

Nesta segunda-feira, a imprensa independente também expressava sua raiva. Segundo o jornal El Watan, "ao apresentar sua candidatura, Abdelaziz Buteflika provou seu desprezo em relação aos argelinos e argelinas".

Esta quinta candidatura é "uma grande piada à Constituição" e "é sentida como uma afronta", "uma humilhação insuportável" pela maioria dos argelinos, destaca o indignado jornal. "A Argélia está sentada sobre um vulcão de ira", advertiu.

"Contra o povo", era a manchete do Liberté, para o qual a promessa de um mandato mais curto é uma "manobra" destinada a sufocar essa cólera "enquanto recupera o controle".

O presidente "optou por não responder às demandas do povo", lamenta o jornal El Jabar.

No total, 20 candidaturas foram apresentadas dentro do prazo estipulado, segundo a agência de notícias oficial APS, sem citar nomes. Mas na lista não aparece nenhum candidato de peso, já que os principais adversários de Buteflika renunciaram a se apresentar.


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