O presidente eleito Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (17) que seu governo buscará explorar recursos naturais na gigantesca reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima (norte), na fronteira com a Venezuela e a Guiana.
"É a área mais rica do mundo. Você tem como explorar de forma racional. E no lado do índio, dando royalty e integrando o índio à sociedade", declarou Bolsonaro durante a inauguração de um colégio militar em Duque de Caxias, Baixada Fluminense.
A reserva Raposa Serra do Sol, demarcada em 2005, tem 1,7 milhão de hectares, onde se estima que vivam 17.000 indígenas das etnias Macuxi, Taurepang, Wapixana e Ingarikó sobre enormes jazidas naturais como de nióbio, metal leve usado na siderurgia e na indústria aeronáutica, e da segunda reserva de urânio do mundo. Também abriga reservas abundantes de ouro, estanho, cobre e diamantes, entre ouros.
Durante sua campanha e às vésperas de ser eleito presidente em outubro, o capitão do Exército na reserva disse que revisaria a demarcação de terras indígenas, argumentando que as mesmas estavam "superdimensionadas".
"O índio não pode continuar sendo preso dentro de um área demarcada como se fosse um animal dentro de um zoológico", declarou Bolsonaro em entrevista à TV Bandeirantes.
"É um ser humano igual a nós: ele quer evoluir, ter energia elétrica, médico, dentista, internet, jogar um futebol, ter um carro, quer viajar de avião, porque ele - quando tem contato com a civilização - rapidamente vai se moldando à nova maneira de viver que é bem diferente e melhor do que a dele", acrescentou.
Bolsonaro, que questiona a permanência do Brasil no Acordo de Paris sobre o Clima, também aventou a possibilidade de retomar os estudos para a construção de usinas hidrelétricas na Amazônia, o que implicaria, segundo especialistas, em um forte impacto nos cursos d'água, forçando o deslocamento das populações.
A Constituição brasileira protege os direitos dos povos originários sobre suas terras.