(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Ameaçados pela fome e por combates, milhares fogem de reduto do EI na Síria


postado em 12/12/2018 16:17

Em uma barraca em um campo de refugiados, Kamela Fadel abraça Faraj, seu bebê recém-nascido. Ela deu à luz na estrada, fugindo dos bombardeios contra um dos últimos redutos do grupo Estado Islâmico (EI) no leste da Síria.

Apesar da chuva e do frio do deserto, milhares de civis fugiram nos últimos meses de uma região controlada pelo EI, localizada na província de Deir Ezzor (leste), onde os jihadistas resistem desde setembro à ofensiva de combatentes curdos e árabes das Forças Democráticas Sírias (FDS).

Neste setor, as localidades de Hajin, Sussa e Al Shaafa são quase diariamente alvo de ataques da coalizão internacional antijihadista, comandada pelos Estados Unidos, que intervém para apoiar as FDS.

"Tive que enfrentar a fome, o frio e a chuva, mas graças a Deus chegamos aqui", explica Kamela Fadel no campo de Al Hol, nordeste da Síria.

Poucos dias depois de fugir de Al Shaafa junto com outros moradores, esta mulher deu à luz o pequeno Faraj em pleno deserto e debaixo de chuva.

Logo se uniu a centenas de deslocados que, assim como ela, conseguiram fugir do reduto do EI e agora vivem em barracas neste acampamento sob supervisão das autoridades curdas semiautônomas.

As crianças brincam com colchões empilhados um em cima do outro, enquanto uma idosa vestida de preto caminha com dificuldade, com ajuda de uma enfermeira, para a clínica do acampamento. Também é possível ver famílias sentadas em círculo, comendo pão e conservas.

Os deslocados, cobertos com cobertores perto de suas bolsas cheias de utensílios, têm a ordem de abandonar as rendas até que tenha sido comprovada a sua identidade porque as autoridades querem evitar jihadistas infiltrados.

- Fome e desnutrição -

Para escapar dos extremistas do EI, os deslocados caminharam vários dias antes de chegar às posições das FDS. Dali foram transportados a Al Hol, situado a dezenas de quilômetros de Hajin.

"Foi a fome que nos empurrou para irmos embora, não havia nada para comer", conta Abu Faraj, marido de Kamela Fadel, que ainda usa a espessa barba preta que os jihadistas o obrigaram a deixar crescer.

"Há destruição por todos os lados (...) Temíamos pelas crianças", explica este homem de cerca de 30 anos, que usa um lenço tradicional na cabeça.

Nos últimos dias, Al Hol recebeu 1.700 deslocados, vindos em várias ondas, indica Mohamad Ibrahim, uma autoridade local.

Desde julho, os ataques aéreos e os combates em terra forçaram 16.500 pessoas a fugir, obrigadas a deixar suas casas, segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

"Na Síria, os deslocamentos provocam insegurança alimentar porque as pessoas abandonam seus pertences. Por isso, é essencial manter uma ajuda alimentar, vital para famílias vulneráveis", disse à AFP Marwa Awad, porta-voz do PMA em Damasco.

Cerca de 320 civis, entre eles 113 crianças, morreram nos combates neste reduto do EI, principalmente durante os ataques da coalizão internacional, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Mas, apesar do envio de reforços, as FDS conseguem avançar. Desde o lançamento de sua ofensiva, em 10 de setembro, os combatentes curdos enfrentam duros contra-ataques jihadistas.

"Há minas enterradas em todas as estradas", diz Abu Omar, que usa um pseudônimo e não quer ser filmado por medo de represálias contra sua família, que ficou em Al Shaafa.

Neste povoado do leste da Síria, nas mãos dos jihadistas, "ainda há altos dirigentes [do EI] e estrangeiros, a maioria luta no front", acrescenta. "Não vão se render facilmente, lutarão até a morte".

A coalizão internacional crê que ainda há 2.000 extremistas do EI neste setor.

"No dia em que saímos havia uma espessa neblina que nos permitiu avançar escondidos. Se [os extremistas] nos tivessem visto, teriam nos exterminado", afirma Ziba Al Ahmed, que morava em Sussa.

"Os bombardeios davam medo, morríamos de fome", explica esta mulher de cerca de cinquenta anos, mãe de quatro filhos.

Seu marido e sua filha ficaram em Sussa com a esperança de poderem levar o maquinário agrícola. "Estamos preocupados, não sabemos o que pode acontecer com eles", diz.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)