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Estado de Minas

Príncipe herdeiro da Arábia Saudita: reformista ou autoritário?


postado em 20/10/2018 11:53

Mohamed bin Salman tem revolucionado a Arábia Saudita com reformas econômicas, sociais e religiosas desde que foi nomeado príncipe herdeiro da potência petroleira ultraconservadora no ano passado. Mas para muitos, a repressão aos dissidentes se aproxima do autoritarismo.

O jovem herdeiro ao trono mais poderoso do Golfo, de 33 anos, supervisiona a maior transformação na história recente do reino e afasta todos os rivais desde sua designação em junho de 2017.

Em sua busca por investidores internacionais para a economia do reino, muito dependente do petróleo, prometeu uma Arábia Saudita "moderada".

Enfrentou os poderosos clérigos que dominaram a vida do reino por décadas e a elite mimada com um grande expurgo em setembro de 2017, que atingiu membros da realeza, ministros e personalidades do mundo dos negócios.

Mas o reconhecimento por Riad neste sábado, após duas semanas de negativas, de que o jornalista saudita e crítico do regime Jamal Khashoggi morreu em uma "briga" no consulado da Arábia Saudita em Istambul no dia 2 de outubro pode colocar em perigo a imagem de reformista cultivada com tanto cuidado pelo príncipe herdeiro.

Duas figuras muito próximas ao príncipe, um alto funcionário do serviço de inteligência, Ahmad al Asiri, e um importante conselheiro da corte real, Saud al Qahtani, foram destituídos por seu papel na morte de Khashoggi.

Também foram demitidos outros funcionários da área de inteligência e 18 suspeitos foram detidos.

Além disso, MBS, como o príncipe é conhecido, vai presidir uma comissão ministerial "para reestruturar" o serviço de inteligência, informou a agência oficial Saudi Press Agency.

- "Líder tribal que passou de moda" -

Em um período curto, o filho do rei Salman estabeleceu vínculos muito estreitos com a Casa Branca de Donald Trump, especialmente com o genro e conselheiro do presidente, Jared Kushner.

Diante dos governos ocidentais que desejam continuar fazendo negócios com o reino, se apresenta como um reformista graças a uma série de medidas como o fim da proibição a que as mulheres dirigissem, a redução dos poderes da polícia religiosa e a reabertura dos cinemas.

Tudo isto faz parte do programa de reformas econômicas e sociais "Visão 2030" de Mohamed bin Salman, para preparar o país para uma era pós-petróleo.

Muitas organizações, no entanto, criticam a repressão dos dissidentes políticos.

Em setembro de 2017, a Human Rights Watch (HRW) e a Anistia Internacional (AI) informaram sobre a detenção de dezenas de escritores, jornalistas, ativistas e líderes religiosos.

Foi nesta época que Khashoggi decidiu partir para o exílio nos Estados Unidos.

O príncipe herdeiro também foi muito criticado por colocar o primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, em prisão domiciliar em Riad em novembro, além dos sinais de alarme com sua intervenção militar no vizinho Iêmen em apoio ao governo e com o bloqueio ao Catar.

"No fundo é um líder tribal que passou de moda", afirmou Khashoggi à revista Newsweek no início do ano em uma entrevista que só foi publicada após a confirmação de sua morte neste sábado.

"Quer desfrutar dos benefícios da modernidade do primeiro mundo ... mas ao mesmo tempo quer governar como seu avô", completou.

- "Islã moderado" -

Em uma de suas pouco frequentes aparições públicas no ano passado, o príncipe herdeiro afirmou que buscava um "país de islã moderado e tolerante".

Tem pressionado para conter a influência dos clérigos de linha dura e dos xeques de maior destaque que promovem a intransigente versão do Islã do reino, com dezenas de detenções de figuras religiosas conservadoras.

Também reconhece que a aliança do país com o wahabismo - ideologia religiosa que é acusada de aumentar a intolerância e o terrorismo global - é um problema.

Mas no início do ano o príncipe herdeiro afirmou que a propagação do wahabismo era consequência do Ocidente ter solicitado à Arábia Saudita para usar seus recursos em países muçulmanos contra a União Soviética durante a Guerra Fria.

"Acredito que o Islã é sensível, o Islã é simples e as pessoas estão tentando sequestrá-lo", afirmou ao Washington Post em março.

Vários ativistas dos direitos humanos e dos direitos das mulheres também foram detidos este ano e pouco se sabe sobre seu paradeiro.

"O príncipe acredita muito em si mesmo", afirmou Khashoggi a Newsweek. "Ele não checa. Não tem bons conselheiros e está se aproximando de uma 'Arábia Saudita segundo Mohamed bin Salman'".


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