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Estado de Minas

Bolsonaro vence primeiro turno e enfrentará Haddad no segundo


postado em 07/10/2018 23:18

O candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro ganhou com uma margem ampla o primeiro turno das eleições presidenciais do Brasil, mas disputará o segundo turno com Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), em 28 de outubro.

Após a apuração de quase a totalidade das urnas, Bolsonaro obteve 46,18% dos votos e disputará o segundo turno com Haddad, indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com 29,07% dos votos.

- Bolsonaro sugere problemas nas urnas -

À noite, após a divulgação dos resultados finais, Bolsonaro disse, em transmissão em sua página no Facebook, que "problemas" com as urnas eletrônicas o teriam impedido de se eleger presidente no primeiro turno.

"Se esse problema não tivesse ocorrido, se tivesse confiança no sistema eletrônico, já teríamos o nome do novo presidente", disse Bolsonaro, sem denunciar explicitamente uma fraude.

Durante a campanha, o controverso capitão do Exército na reserva já tinha questionado abertamente a confiabilidade do complexo sistema de votação eletrônica no Brasil, e chegou a advertir para riscos de fraude.

Mas na última semana, reiterou várias vezes que aceitaria os resultados, fossem quais fossem.

Após a divulgação dos resultados oficiais, que confirmaram o segundo turno, seguidores de Bolsonaro denunciaram fraude em frente à sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Brasília, constatou a AFP.

Mais cedo, no bar do hotel Windsor, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, onde seus apoiadores estavam reunidos, o clima mudou rapidamente do entusiasmo à preocupação.

As próximas três semanas vão pôr à prova a resistência do candidato, que quase morreu após sofrer um atentado a faca em 6 de setembro, durante comício eleitoral em Juiz de Fora (MG).

Também o coloca na obrigação de conquistar aliados, apesar da alta rejeição.

"Apoio Bolsonaro porque nosso país precisa de um choque de ordem e é o único homem capaz de fazer isso pelo Brasil", disse à AFP Lourdes Azevedo, de 77 anos, pedagoga aposentada.

O resultado "é um pouco decepcionante, a gente esperava ganhar no primeiro turno. Agora fica mais difícil, o segundo turno é um risco", avaliou.

- Alívio no PT -

Em um hotel no centro de São Paulo, onde Fernando Haddad falou à imprensa, houve gritos de alegria e alívio com a divulgação dos resultados.

Haddad prometeu um país "profundamente democrático" se vencer no segundo turno e agradeceu a liderança de seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Queremos unir os democráticos deste país. Queremos um projeto amplo para esse país, que busque de forma incansável a justiça social", disse Haddad, de 55 anos.

Esta manhã, após votar em São Paulo, o candidato do PT se disse convencido de que haveria segundo turno e começou a criar pontes com outros candidatos.

A chave para Haddad reduzir a vantagem de Bolsonaro está em Ciro Gomes (PDT), que foi ministro da Integração Nacional de Lula e obteve mais de 12,58% dos votos.

Haddad lembrou neste domingo que, quando foi ministro da Educação de Lula, trabalhou ao lado da ambientalista Marina Silva e de Henrique Meirelles (centro-direita), que presidiu durante essa época o Banco Central. Os dois candidatos tiveram cerca de 1% dos votos, que poderão ser importantes no cômputo final.

Em declarações à imprensa, Ciro disse que discutiria com os líderes do PDT a posição do partido no segundo turno, mas antecipou um possível apoio a Haddad, ao declarar que irá fazer o que fez toda a vida: lutar pela democracia e contra o fascismo, declarou.

Embora tenham sido os mais bem colocados no primeiro turno, Bolsonaro e Haddad são, ao mesmo tempo, os candidatos com maiores índices de rejeição.

Ex-prefeito de São Paulo pouco conhecido em outras regiões, Haddad tentou se identificar com Lula e, assim, pôde herdar metade do eleitorado de seu mentor, sobretudo entre a população pobre, que melhorou suas condições de vida sob seus mandatos (2003-2010).

Mas também herdou o ódio que o ex-presidente inspira naqueles que condenam pelos escândalos de corrupção, revelados pela Operação Lava Jato e pela crise econômica em que mergulhou o país sob o mandato de sua herdeira política, Dilma Rousseff, deposta em 2016 pelo Congresso.

- O centro e as alianças -

Durante a campanha, Haddad "se esqueceu muito do centro, que é fundamental. Sem o centro não se ganha uma eleição e menos ainda se governa, então precisa desse apoio já. São três semanas, uma campanha curtíssima, e mais ainda tem que pensar na governabilidade, estabelecendo compromissos com esses setores", disse André César, da consultora Hold em Brasília.

Na última semana, Bolsonaro recebeu apoio de setores poderosos, como os ruralistas e as igrejas evangélicas.

Mas precisa lidar com um histórico de declarações racistas, misóginas e homofóbicas e com suas justificativas da tortura durante a ditadura militar (1964-1985), que lhe renderam uma ampla rejeição entre as mulheres e as minorias.

Em seu último vídeo no Facebook antes das eleições, o candidato prometeu governar "inclusive" para ateus e gays.

"Vamos fazer um governo para todos, independentemente da religião, até para quem é ateu. Vamos fazer um governo para todo mundo, para os gays, inclusive, porque tem gay que é pai, que é mãe", publicou.


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