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Estado de Minas

Yazidis celebram Nobel de sua 'filha' Nadia em ritual religioso


postado em 05/10/2018 17:30

Os peregrinos yazidis sobem descalços a montanha sagrada que leva ao templo de Lalish, no norte do Iraque, em seu ritual religioso mais importante, e com uma alegria dupla: a sua "filha" Nadia Murad acaba de vencer o Prêmio Nobel da Paz.

Descalços e vestidos com suas roupas tradicionais, os yazidis preparam diferentes pratos para os sete dias da grande festa de Gama, que começa no sábado.

E um grande sorriso ilumina seus rostos após a notícia que se espalhou: Nadia Murad, uma jovem yazidi que se tornou porta-voz desta minoria vítima dos piores horrores do grupo extremista Estado Islâmico (EI), foi laureada com o famoso Prêmio Nobel da Paz.

"Estamos muito felizes. (Nadia Murad) é a voz dos yazidis no exterior e ela transmite os nossos sofrimentos", explica à AFP Loqman Sleiman, de 35 anos.

A jovem iraquiana de 25 anos poderia ter tido uma vida tranquila em seu povoado natal de Kosho, perto do reduto yazidi de Sinjar, uma região montanhosa entre Iraque e Síria.

Mas a rápida ascensão do grupo EI em 2014 mudou o seu destino.

Em agosto de 2014, ela foi sequestrada e levada à força para Mossul, "capital" iraquiana do "califado" autoproclamado do EI - reconquistada há mais de um ano. Seu calvário durou vários meses.

Convertida em escrava, foi estuprada, torturada, e vítima de todos os horrores do grupo extremista, como tantos milhares de yazidis sequestrados em seus povoados pelos extremistas que lhes consideram hereges.

Mais de 6.400 yazidis foram sequestrados pelo EI. Cerca de 3.200 foram resgatados ou conseguiram fugir, mas o paradeiro dos demais continua sendo desconhecido, de acordo com as autoridades da região autônoma do Curdistão iraquiano (norte), onde vivem.

- 'Nossa filha' -

Esta minoria de fala curda, adepta a uma religião esotérica monoteísta, não tem livro sagrado e se organiza em castas. Como iraquianos não árabes e não muçulmanos, os yazidis são uma das minorias mais vulneráveis do país.

Nadia Murad, embaixadora da ONU para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico de Pessoas desde 2016, e cuja mãe e irmãos foram assassinados pelo EI, milita agora para que as perseguições cometidas contra os yazidis sejam consideradas genocídio.

A jovem ativista leva incansavelmente todos os sofrimentos dos yazidis ante as tribunas internacionais (Parlamento Europeu, Conselho de Segurança da ONU), afirma Zeri Khodr, uma deslocada de 40 anos.

Esta mulher originária do povoado de Doghri, na região de Sinjar, ainda espera o retorno de 12 membros de sua família, sequestrados pelo EI há quatro anos.

"Ninguém nos visitava nos campos, ou se assegurava de que estávamos bem. A consideramos como nossa filha e esperamos que continue a sua luta", conta Khodr.

"Hoje é um dia especial para os yazidis e outras minorias vítimas de genocídio e atrocidades em massa cometidas pelo EI", afirmou no Twitter a Yazda, associação de caridade iraquiana que apoia os yazidis vítimas da perseguição do EI.

Para o peregrino Loqman Sleiman, o prêmio de Nadia Murad "é para todos os yazidis".


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