(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Slimane x Philo: os fãs desatam uma guerra civil na moda


postado em 02/10/2018 18:00

Teria Hedi Slimane retrocedido a imagem da marca Celine, apagando de uma só vez o legado feminista de sua antecessora, Phoebe Philo? Os fãs de ambos os estilistas estão presos em uma guerra verbal nas redes sociais, desde a estreia do francês na sexta-feira em Paris.

A volta às passarelas do "rei do slim", dois anos depois de deixar a Saint Laurent, era um ponto forte da Semana de Moda de Paris. Mas seu desfile para a marca francesa Celine foi recebido como uma provocação para os fãs incondicionais de sua antecessora britânica.

Com vestidos justos e curtos, lantejoulas e looks adolescentes, a coleção "Diário noturno da juventude parisiense" retoma de forma fiel o estilo que consagrou o estilista na maison Saint Laurent (2012-2016). Algumas peças são idênticas às de coleções anteriores.

Os looks não tinham nada a ver com o estilo de mulher chique, elegante e minimalista implantado por Phoebe Philo durante seus 10 anos na Celine, algo que muitos seguidores da maison francesa não perdoaram, assim como a imprensa internacional.

A aposta de Slimane é "horrível" para as mulheres que "buscavam usar algo que não fosse degradante", escreveu Lou Stoppard na revista GQ britânica.

Até mesmo os fãs de Slimane, que o seguem desde que o estilista revolucionou o vestuário masculino com silhuetas delgadas na Dior Hombre (2000-2007), admitem que ele passou uma borracha na marca, fundada em 1945.

Nem sinal do legado de Philo na conta da Celine no Instragram. Até o acento no primeiro "e" da marca desapareceu com a chegada do estilista. Esse tipo de mudança já aconteceu com a retirada do "Yves" da marca Saint Laurent.

Várias críticas à Celine surgiram nas redes sociais, feitas por fãs que resistem a deixar para trás as coleções de Phoebe Philo.

- Outra época -

A onda incomum de críticas em um setor muitas vezes complacente também tem muito a ver com um debate mais amplo: a imagem da mulher um ano depois do movimento #MeToo.

"Hedi Slimane é o Donald Trump da moda?", questionou a revista Hollywod Reporter.

"Philo era extraordinária porque não ligava o poder de uma mulher à sua sexualidade", disse o jornal britânico The Guardian, enquanto Jo Ellison do Financial Times denunciou a maneira com que Slimane arrasou com o legado de Philo, graças a quem a Celine vale atualmente 800 milhões de dólares.

"O espetáculo da Celine celebra um mundo muito magro, adolescente e quase exclusivamente branco", segundo Jo Ellison.

Vanessa Friedman, do New York Times, disse que Slimane, que passou os dois últimos anos concentrado em fotografar em sua casa em Los Angeles, está defasado em relação à época atual.

"Há dois anos, quando Slimane deixou a moda, o mundo era diferente", escreveu. "As mulheres eram diferentes... Elas evoluíram. Ele não".

Os que temiam que sua chegada levasse "ao final da época em que a Celine definia o que era ser uma mulher inteligente, adulta, ambiciosa e elegantemente neurótica, tinham razão", acrescentou.

Para Tim Banks, do site Business of Fashion, "Slimane perdeu seu instinto, mas seu exército de 'slimaníacos' vai correr até as lojas da Celine, ignorando completamente os anos gloriosos da marca".

- "O que bem entender" -

Em uma entrevista recente no jornal francês Le Figaro, Slimane reconheceu que perseguia de "forma obsessiva um estilo, uma silhueta".

Christina Binkley, do Wall Street Journal, relativiza: "quando Slimane lançou seu estilo Saint Laurent, as pessoas detestaram", lembra. Os proprietários do grupo de luxo LVMH, que comprou a Celine, "sabem que a receita aumentará".

Para o fashionista americano Mikelle Street, as pessoas que criticam Slimane não entendem que existe uma categoria de clientes que o seguem de marca em marca: "Por isso (ele) pode fazer o que bem entender".


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)