O Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) elevou a taxa básica de juros nesta quarta-feira pela terceira vez neste ano, mas não deu sinais de que possa tomar medidas mais agressivas para conter a inflação.
O banco central subiu os juros para a faixa de 2% a 2,25%, uma alta de um quarto de ponto.
Novamente, a instituição afirmou que "futuros aumentos graduais" permitiriam a expansão contínua da economia, mantendo a inflação perto da meta do Fed de 2%.
Contudo, o anúncio do Comitê de Política Monetária do Fed (FOMC) - acompanhado em cada detalhe - retirou uma frase antiga que descrevia as taxas de juros em vigor como uma fonte de estímulo à economia.
O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que o ritmo gradual ajuda a sustentar a expansão econômica contínua, mesmo que os benefícios não tenham alcançado todos os americanos.
"Muitos dos desafios econômicos do nosso país estão além do escopo do Fed, mas meus colegas e eu estamos fazendo tudo o que podemos para manter a economia forte, saudável e avançando", disse Powell em entrevista coletiva após o anúncio.
A declaração não descreve mais o nível da taxa como "acomodativo", enquanto continua a notar os fortes ganhos na atividade econômica e no emprego.
Mas Powell enfatizou que isso não é uma indicação de uma mudança "no caminho da política".
O Fed elevou a taxa básica oito vezes desde o fim de 2015, com mais uma alta esperada na última reunião do ano, em dezembro.
- Preocupações crescentes -
A decisão do banco central vem em meio ao agravamento das tensões no comércio global, com o presidente Donald Trump reforçando sua posição de confronto, com elevadas tarifas sobre bilhões de dólares em importações.
Powell disse que o Fed estava ouvindo um "coro crescente" de preocupações em empresas em todo o país sobre a incerteza e o aumento dos custos.
As empresas americanas se preocupam com a "interrupção das cadeias de fornecimento, materiais, aumento de custos e perda de mercados".
A preocupação do Fed é que isso poderia levar à "perda da confiança empresarial e reduzir o investimento".
"É um risco. Os preços podem acabar subindo. Não vemos isso ainda, mas os preços de varejo podem subir", disse ele.
No entanto, com os mercados de ações em alta, ele disse que não vê vulnerabilidades "problemáticas" nos mercados financeiros.
Questionado sobre as críticas de Trump aos aumentos das taxas do Fed, que, segundo ele, poderiam prejudicar a economia em expansão, Powell disse que o banco central não levou em consideração "fatores políticos".
Os membros do Fed "tentam definir a política monetária para alcançar o emprego máximo em um complexo de estabilidade de preços. (...) Não consideramos fatores políticos ou coisas assim", disse Powell à imprensa.
Em suas previsões trimestrais, os membros do comitê não indicaram que teriam que agir mais agressivamente para conter os preços. A inflação prevista para o próximo ano era levemente menor em junho, enquanto o cenário da taxa de juros ficou inalterado.
O índice de preços preferido do Fed, baseado nos gastos do consumidor, subiu 2,3% nos 12 meses encerrados em julho - seu ritmo mais forte desde março de 2012. Contudo, excluindo os preços voláteis dos alimentos e da energia, a inflação subiu 2,0%, exatamente a meta do Fed.