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Estado de Minas

Maduro busca na China impulso econômico para Venezuela


postado em 13/09/2018 19:30

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, chegou nesta quinta-feira a Pequim para assinar acordos comerciais com o maior credor de seu país, mergulhado em uma profunda crise.

"Viemos com grandes expectativas para relançar especialmente a relação estratégica" com a China "em todos os campos (...), dar um grande empurrão nos investimentos energéticos, nos investimentos econômicos, no comércio", disse Maduro em sua chegada.

Vestido com boina e liqui liqui - traje tradicional venezuelano - pretos, o presidente foi recebido pelo chanceler Wang Yi, e se reunirá na sexta-feira com o colega chinês, Xi Jinping.

A visita de Maduro foi preparada por sua vice-presidente, Delcy Rodríguez, que retornou a Caracas depois de ter viajado na segunda-feira à noite para Pequim.

Rodríguez falou sobre a reunião com altos funcionários chineses, com quem revisou 472 acordos vigentes, que incluem créditos pagos com petróleo.

Ela também se reuniu com representantes da Corporação Nacional de Petróleo da China (CNPC) e de empresas de energia e mineração, setor no qual Caracas aposta para obter liquidez diante da queda de sua indústria de petróleo.

Antes de ir para Pequim, Maduro afirmou que se tratava de "uma visita de Estado muito necessária, muito oportuna e cheia de grandes expectativas (...) para avançar em novos acordos de parceria estratégica no campo econômico, comercial, energético, financeiro, tecnológico".

Maduro ficará na China de quinta a domingo, segundo a agência oficial de notícias chinesa Xinhua.

O ministério das Relações Exteriores chinês indicou que o presidente Xi Jinping se reunirá durante sua visita com seu colega venezuelano.

"A China espera que esta visita fortaleça a confiança política mútua e aprofunde a cooperação entre os dois países", declarou o porta-voz do ministério, Geng Shuang, em entrevista coletiva.

"O governo venezuelano implementou recentemente reformas econômicas e financeiras com boa resposta social. Acreditamos que um desenvolvimento estável da Venezuela é do interesse de todas as partes", acrescentou.

Há três semanas, Maduro adotou um plano de reformas econômicas para enfrentar a crise na Venezuela, com uma grave escassez de alimentos e medicamentos e hiperinflação que poderia exceder 1.000.000%, segundo o FMI.

- Crédito -

O gigante asiático tem importantes investimentos em petróleo e é o principal parceiro financeiro da Venezuela, que recebeu empréstimos chineses por cerca de 50 bilhões de dólares na última década, pagos principalmente com petróleo bruto.

A Venezuela ainda deve cerca de 20 bilhões de dólares, cujas condições de pagamento, flexibilizadas em 2016, poderiam estar sobre a mesa nesta viagem.

Além disso, Maduro poderia voltar com um novo empréstimo de 5 bilhões de dólares e a prorrogação por seis meses do período de carência para o pagamento da dívida, de acordo com informações não oficiais citadas pela consultoria venezuelana Ecoanalítica.

Esse acordo incluiria um memorando de entendimento para a proteção dos investimentos chineses. "Essa ajuda da China, se materializada, vai permitir que o governo respire por um bom tempo", indicou no Twitter o diretor da Ecoanalítica, Asdrúbal Oliveros.

Esta é uma questão fundamental diante dos sérios problemas de liquidez do país, com apenas 8,3 bilhões de dólares em reservas internacionais e sem acesso a financiamento externo devido às sanções financeiras dos Estados Unidos.

A Venezuela e sua estatal petrolífera PDVSA, além disso, foram declaradas em default parcial em 2017 por pagamentos atrasados de títulos da dívida.

A viagem de Maduro foi precedida por uma visita da vice-presidente Delcy Rodriguez e do ministro da Economia e Finanças Simon Zerpa, que se reuniram na quarta-feira com Zheng Jizhe, presidente do Banco de Desenvolvimento da China, que concedeu o maior parte dos empréstimos.

- Queda da produção -

A Venezuela, com as maiores reservas de petróleo comprovadas do mundo e onde a matéria-prima representa 96% das receitas, enfrenta uma abrupta queda de sua produção, com 1,4 milhão de barris por dia em agosto, segundo a Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP).

É o nível mais baixo em 30 anos e muito distante dos 3,2 milhões de 2008.

Caracas denuncia um "bloqueio financeiro" dos Estados Unidos, para quem vende um terço de sua produção petroleira.


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