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Estado de Minas

Oslo: direita israelense quer enterrar acordos com palestinos


postado em 12/09/2018 10:30

Em uma colina da Cisjordânia começa a ser construída uma nova colônia, apoiada por uma direita israelense sem complexos que declara encerrados os acordos de Oslo e rejeita a soberania dos palestinos nestas terras.

"Oslo está enterrado muito profundamente debaixo da terra", afirma Avichai Boaran, de 45 anos, enquanto observa os vilarejos palestinos nos arredores de Amichai, a nova colônia israelense em que mora.

Vinte e cinco anos depois da assinatura do primeiro acordo de Oslo, que deveria obter a paz entre israelenses e palestinos, o Estado hebreu é comandado pelo governo mais à direita de sua história. Além disso, o número de colonos israelenses na Cisjordânia ocupada disparou e a paz parece mais distante do que nunca.

Em 1993, quando o líder palestino Yaser Arafat e o primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin deram um histórico aperto de mãos na Casa Branca, 110.066 colonos israelenses viviam na Cisjordânia e 6.234 na Faixa de Gaza, de acordo com os números da Paz Agora, ONG israelense contra a colonização.

Hoje não há colonos em Gaza, depois que foram deslocados em 2005 após uma decisão do então primeiro-ministro, Ariel Sharon, que dividiu profundamente os israelenses.

Porém, mais de 600.000 coexistem mais ou menos em paz com três milhões de palestinos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, anexada e ocupada por Israel.

No governo de Benjamin Netanyahu, a ala mais dura deixou clara sua oposição a um Estado palestino e criticou de modo forte os acordos de Oslo.

- Terras bíblicas -

No ano passado, ao norte da Cisjordânia teve início a construção de Amichai, a primeira colônia aprovada oficialmente por um governo israelense desde 1991.

Até então, Israel prosseguia ampliando a colonização com a extensão das colônias já existentes ou legalizando as chamadas "selvagens", criadas sem a aprovação oficial das autoridades.

De acordo com o direito internacional, todas as colônias são ilegais, sem distinção.

Amichai deverá receber 40 famílias, expulsas em fevereiro de 2017 de uma destas colônias "selvagens", Amona, evacuada por decisão da Corte Suprema.

Avichai Boaran, que morava em Amona, reside agora com a família em uma casa modesta pré-fabricada em Amichai.

Ele afirma que Oslo uniu os israelenses contra a criação de um Estado palestino sobre terras consideradas por muitos judeus como sua herança bíblica.

Os acordos deveriam levar a uma "retirada completa e a estabelecer no coração da terra de Israel, no coração da pátria judaica, um Estado suplementar [...], um Estado árabe suplementar", explica.

"Não esamos dispostos a aceitar uma sociedade que vai virar suas armas e suas aspirações contra nós", completa.

Oslo, que não menciona de maneora explícita tal saída, deveria conduzir à criação de um Estado palestino.

Mas em 1995 Yitzhak Rabin foi assassinado por um judeu extremista que rejeitava os acordos. Um ano mais tarde, Benjamin Netanyahu se tornou pela primeira vez o primeiro-ministro de Israel, uma vitória que foi possível pelo aumento de opositores a Oslo.

- Poucas esperanças -

Terje Roed-Larsen foi um dos que lutaram em sigilo por um diálogo entre israelenses e autoridades da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em 1992, como diretor de um instituto de pesquisas em Oslo.

Naquela época, a OLP estava na lista de organizações consideradas terroristas por Israel.

Roed-Larsen primeiro fez contato com Yosi Beilin, futuro ministro israelense adjunto das Relações Exteriores, e depois tentou estabelecer uma comunicação secreta com Yaser Arafat.

"Por meio destas discussões, percebi que sem a OLP e Arafat era impossível chegar a algum acordo", afirmou por telefone à AFP de Nova York, onde coordena o International Peace Institute.

Roed Larse ainda acredita que "a solução de dois Estados" é "uma ideia viável".

Uma solução igualmente defendida pela comunidade internacional, mas que poucos israelenses acreditam que possa ser solucionada em um futuro próximo.


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