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Estado de Minas

Peso argentino se recupera após dois dias de queda nos mercados


postado em 31/08/2018 17:18

Os argentinos tiveram um respiro nesta sexta-feira com a interrupção da queda livre de sua moeda após despencar 20% em dois dias e desencadear uma nova fase de negociações na semana que vem para uma ajuda financeira adicional do FMI.

A moeda argentina subiu 4,98% nesta sexta-feira, ao fechar a 37,98 pesos por dólar. O mercado reagiu na quinta-feira em que o Banco Central elevou para 60% a taxa de juros, que era de 45%, a mais alta do mundo, e aumentou o compulsório dos bancos para conter a queda do peso.

Somente na quinta-feira, a moeda se depreciou mais de 13%, a maior queda nesta dia este ano, para encerrar em 39,87 pesos por dólar.

A agência de classificação de risco S&P; informou nesta sexta-feira que colocou a dívida soberana argentina de curto e longo prazo sob vigilância para um possível rebaixamento de sua nota.

"Estamos colocando nossa classificação de 'B+' à dívida soberana de longo prazo e 'B' a de curto prazo sob vigilância com implicações negativas", afirmou a S&P.;

Ao mesmo tempo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) manifestou sua vontade de concluir rapidamente novas negociações com Buenos Aires às vésperas de uma nova ajuda financeira no contexto de um "programa econômico revisado".

As negociações com a diretora-gerente do FMI Christine Lagarde serão iniciadas nesta terça-feira em Washington, informou o organismo.

Também são esperadas para a próxima semana novas medidas para reduzir o déficit fiscal, enquanto analistas estimam que modificações na integração do gabinete poderiam dar alívio ao governo no contexto da crise cambial, que começou há quatro meses.

"É uma crise de confiança com componente econômico e político", disse o economista Mario Blejer e advertiu que "é praticamente impossível recuperar a confiança somente com medidas econômicas, é preciso encontrar consensos políticos e parceiros para esses consensos".

Ex-presidente do Banco Central em 2002, Blejer argumentou que a situação atual "é muito menos grave e séria do que a de 2001", quando a Argentina entrou em 'default' ao declarar a maior moratória da dívida externa da história.

- Argentina vulnerável -

O presidente Mauricio Macri analisa nesta sexta-feira a situação política e econômica com seus colaboradores e ministros.

O ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, viajará nesta segunda-feira para Washington a fim de "continuar avançando nos entendimentos técnicos com o FMI para desembolsos adicionais em 2019", anunciou na noite de quinta-feira.

Segundo o analista da Deutsche Bank Jim Reid, "não está claro que isso será suficiente para estabilizar as finanças do governo, enquanto persistem as quedas das reservas" do Banco Central.

A Argentina acordou em junho um empréstimo do FMI por 50 bilhões de dólares a três anos, dos quais já recebeu 15 bilhões. Agora quer que a entidade multilateral antecipe os montantes de 2019 e 2020.

O acordo com o FMI prevê que a Argentina reduza seu déficit fiscal para 1,3% do PIB em 2019.

O governo analisa agora se se inclinará por um maior ajuste de gasto público mesmo com a aproximação de um ano eleitoral, ou se volta a taxar as exportações agrícolas, o sector que gera mais divisas, mas que acaba de sofrer a pior seca em 60 anos.

Os impostos sobre o setor agrícola "não são o caminho correto, isso já foi testado e ficou demonstrado que produz a queda da produção. O que precisa é exportar mais", advertiu à rádio Continental Daniel Pellegrini, titular da Sociedade Rural, entidade aliada ao governo de Macri.

Embora o contexto internacional não ajude a crise que atravessa o país sul-americano, a Argentina se mostra muito mais vulnerável do que seus vizinhos da região.

Na Argentina, "o dólar é a moeda de reserva por excelência para preservar no longo prazo o valor de suas poupanças", explicou Víctor Beker, diretor do Centro de Estudos da Nova Economia (CENE) da Universidade de Belgrano.

- Depreciação = inflação -

Neste ano, a moeda se depreciou mais de 52%, o que impulsionou a alta dos preços das tarifas, do combustível e dos produtos alimentícios, entre outros, atados à cotação do dólar.

O governo abandonou a previsão de 15% da inflação no ano e admite que superará os 30%. O índice já acumulou entre janeiro e julho 19,6%. Além disso, teve que modificar sua meta de crescimento e projeta agora que a economia recuará 1% em 2018.

Enquanto isso, os ajustes salariais acordados por negociações coletivas ficaram na maioria abaixo da inflação, o que representa uma perda do poder aquisitivo dos trabalhadores.


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