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Estado de Minas

Anarquista americano diz que arma impressa em 3D é direito fundamental


postado em 02/08/2018 12:12

O texano Cody Wilson, que se descreve como um "cripto-anarquista", defende a publicação na Internet dos projetos para a fabricação de armas de fogo de plástico em impressoras 3D, causando problemas nos Estados Unidos.

Na terça-feira, Wilson - fundador da empresa Defense Distributed - publicou on-line o esquema sobre como fabricar as armas, após chegar a um acordo judicial com o governo federal.

Mas o juiz federal Robert Lasnik, de Seattle, bloqueou temporariamente a divulgação na web do esquema, atendendo a um pedido de procuradores de oito estados e do Distrito de Colúmbia, onde fica a capital, Washington.

Ele executou a decisão, tirando seu site do ar, mas o manual do usuário já havia sido baixado milhares de vezes.

Estes objetos, feitos de plástico, funcionam como uma arma real. Mas, por não serem industrializados por um fabricante autorizado, não têm número de série, tampouco fazem soar o alarme de detectores de metal e potencialmente não podem ser rastreados.

"A tentativa dessas autoridades de ir à Justiça e excluir essa informação atraiu mais pessoas para o site para baixar e divulgar na Internet", declarou à AFP Wilson, na modesta sede de sua empresa em Austin.

"Não importa quão grande seja minha vitória, ou derrota, você pode baixar as instruções para uma arma na Internet. É claro que era possível fazer isso antes de mim, mas agora haverá mais pessoas que permitirão que você faça isso depois de mim", acrescentou o homem de 30 anos.

Segundo ele, a grande atenção midiática gerada nos últimos dias sobre o assunto serviram para um de seus principais objetivos: usar a tecnologia e divulgar informações sobre a fabricação de armas como um baluarte duradouro contra qualquer tentativa futura de regular as armas de fogo nos Estados Unidos.

- Soberania -

"Acreditamos que a arma de fogo, este instrumento de violência, é um elemento essencial de força, de soberania", disse ele, admitindo que suas ações passadas e futuras "perturbam a consciência de alguns".

Mas "nunca foi ilegal neste país fabricar uma arma de fogo - e a maneira como você faz isso não deve afetar essa legislação", estimou.

Ele, que abandonou a Faculdade de Direito, está determinado: defende um credo anarquista de que a livre troca de ideias na Internet torna possível monitorar o governo.

"Esta é uma posição prevista pelo WikiLeaks, pelo Bitcoin, prevista nos e-mails anônimos e comunicações anônimas na Internet", aponta, dizendo que sua causa é um simples problema de liberdade de expressão, a qual é protegida pela Primeira Emenda da Constituição americana.

A Defense Distributed, que ele cofundou em 2013, faz mais do que publicar instruções. Ela vende produtos reais relacionados às armas, incluindo uma máquina chamada "Ghost Gunner", vendida por US$ 2.000.

Esta máquina esculpe peças metálicas para fabricar diferentes armas de fogo sem número de série. Tais armas - chamadas de "armas fantasmas" - já eram feitas por pessoas capazes de trabalhar o metal, mas o "Ghost Gunner" fornece essa capacidade para todos.

- Impacto mundial -

O problema é real: a Polícia de Los Angeles apresentou em julho um estoque de armas "fantasmas" recuperadas de membros de gangues. Mas é impossível para a Polícia determinar se elas foram usadas para cometer crimes.

É por isso que parlamentares, autoridades policiais, defensores de uma maior regulamentação e o próprio presidente Donald Trump se preocuparam com a distribuição de planos esta semana.

Em particular, as explicações para fazer o "Liberator", uma arma de plástico projetada pela Defense Distributed para ser fabricada com uma impressora 3D e que é indetectável por detectores de metal.

O impacto é mundial, já que qualquer pessoa, exceto nos países onde a Internet é censurada, conseguiu acessar o conteúdo.

"Salta aos olhos de qualquer um que a impressão de armas 3D é nada menos do que uma ameaça para a sociedade", disse o vice-presidente da Brady Campaign to Prevent Gun Violence, Avery Gardiner, garantindo que a luta contra esta publicação continuará.

Cody Wilson também pretende continuar sua luta. Ele pede doações para cobrir seus custos legais, mesmo admitindo que a batalha provavelmente esteja perdida.

"Acho que o dever me obriga a continuar lutando", disse ele. Mas "acho que vou desperdiçar muito dinheiro", completou. Uma audiência está marcada para a semana que vem.


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