O ex-presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, voltou nesta quinta-feira (14) à prisão depois de ser hospitalizado por sofrer de uma crise de hipertensão no mesmo dia em que foi extraditado dos Estados Unidos para enfrentar a Justiça de seu país por acusações de espionagem.
Martinelli chegou fortemente escoltado à prisão El Renacer, às margens do Canal do Panamá. Imagens da emissora Telemetro mostraram o ex-presidente com uma camiseta branca e uma garrafa de água, enquanto era saudado por policiais na cadeia.
O ex-governante foi preso na segunda-feira no hospital público Santo Tomás e voltou à prisão depois que médicos forenses da Procuradoria consideraram que "a atual condição clínica do senhor Ricardo Martinelli é estável".
Martinelli foi extraditado na segunda-feira dos Estados Unidos, onde ficou preso por um ano, para enfrentar acusações no Panamá por supostamente espiar 150 opositores ao seu governo (2009-2014).
No mesmo dia, após várias horas na prisão, o ex-presidente disse se sentir mal durante uma audiência. Pouco depois foi levado ao hospital com problemas de hipertensão e arritmia.
A Suprema Corte de Justiça do Panamá, a cargo do processo por sua condição de deputado do Parlamento Centro-americano, também investiga Martinelli por outros 20 casos de corrupção.
O presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, pediu na quarta-feira que não politizem a extradição de Martinelli.
"Este é precisamente um caso judicial. Não politizem o tema e permitam que a Justiça faça o seu trabalho", disse Varela.
Martinelli denunciou na audiência de quarta-feira violações aos seus direitos humanos e ao processo judicial, e culpa o presidente Varela - seu antigo aliado - de levar à frente uma "vingança" contra ele.
As vítimas dos supostos grampos telefônicos suspeitam que o ex-governante, de 66 anos, tenta se livrar da prisão com artimanhas legais, e temem que os crimes atribuídos a ele fiquem impunes.