O governador do departamento (estado) de Antioquia acusou os responsáveis da maior hidrelétrica da Colômbia, em construção, de ocultar informações sobre a emergência que ameaça cerca de 130.000 pessoas.
"A informação verdadeira é um direito fundamental dos cidadãos", disse o governador Luis Pérez em uma carta dirigida à companhia Empresas Públicas de Medellín (EPM), principal sócio do projeto Hidroituango. "O governador necessita a verdade para proteger as pessoas que sofrem devido à obra".
Pérez mencionou um relatório realizado por engenheiros militares dos Estados Unidos para o governo colombiano que, segundo ele, vai na contramão do dito pela empresa às autoridades.
"A EPM perdeu a credibilidade informativa sobre a crise de Hidroituango", acrescentou o governador, em cujo departamento se desenvolve o projeto que pretende suprir um quinto da demanda energética do país.
Os especialistas americanos, citados pelo governador, afirmaram que "a obra está no risco máximo de um colapso e que os materiais usados na construção da represa não cumprem padrões internacionais".
"Os norte-americanos dizem que pode ocorrer um deslizamento de terra de entre 10 e 40 milhões de metros cúbicos e criar a pior avalanche da história", apontou Pérez.
Quatro municípios de Antioquia estão em alerta vermelho e sua população foi evacuada preventivamente por possíveis deslizamentos de terra e cheias do rio Cauca, o segundo do país, que alimenta a hidrelétrica.
Hidroituango entrou em emergência quando um desmoronamento bloqueou o túnel de desvio do afluente, o que fez com que o reservatório começasse a encher sem estar terminado.
Depois o único túnel de escoamento se tapou e provocou uma cheia súbita.
Entre 12 de maio, quando começou a emergência, até 1 de junho foram evacuadas mais de 25.000 pessoas ante o risco de uma cheia ou colapso da represa. Milhares já voltaram a suas casas.
EPM disse que a emergência se deve a supostas falhas geológicas e, inicialmente, disse que estava sob controle.
Mas na última semana reconheceu o risco "alto" de um colapso da represa devido aos caudais do rio, movimentos de terra e à estabilidade da estrutura.
O presidente, Juan Manuel Santos, disse no sábado que os engenheiros americanos e da ONU "coincidiram que o risco no Hidroituango não diminuiu" e que está aumentando.
Especialistas disseram que a urgência pode se dever a erros de engenharia e planejamento e inclusive a uma política de menores custos no projeto.
"A empresa trabalha sem descanso com seus especialistas" para "recuperar o controle do projeto", indicou a EPM na segunda-feira.
A construção da usina está a cargo do consórcio CCC Ituango, integrado pela brasileira Camargo Corrêa (55%) e as colombianas Conconcreto (35%) e Coninsa-Ramón H (10%).