A dívida americana a 10 anos atingiu nesta terça-feira (15) seu melhor rendimento desde 2011, refletindo o medo do aumento da inflação e das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano).
O rendimento dos títulos do Tesouro americano a 10 anos, uma referência importante para os mercados, ultrapassou 3,05% por volta de 12H50 GMT (9H50 de Brasília) pela primeira vez desde julho de 2011 e continuou subindo até 3,09%.
Esse aumento fortaleceu o dólar frente à maioria das moedas. Uma das exceções foi a Argentina, onde graças a investimentos do Banco Central, o peso subiu 3,61%, após ter caído mais de 6% na segunda-feira, em meio a uma corrida cambial que desvalorizou sua moeda em 12,63% neste mês.
A alta dos bônus também afetou Wall Street, que fechou em baixa.
"Esta progressão reflete as expectativas de aumentos nas taxas regulares do banco central americano devido a um aumento da inflação e à melhoria nas perspectivas de crescimento econômico no segundo trimestre", disse Karl Haeling, vice-presidente do banco LBBW.
Nesta terça-feira, a divulgação de indicadores econômicos positivos sobre as vendas no varejo em abril e a atividade industrial na região de Nova York aumentaram mais as taxas, disseram analistas da corporação financeira Charles Schwab.
- Quatro aumentos de taxas -
O índice de preços ao consumidor divulgado na última quinta-feira mostrou um aumento de 2,5% em um ano e de 2,1% sem considerar valores voláteis, como alimentação e energia. Estes níveis são bastante próximos da meta de inflação do Fed de 2%.
A inflação também foi impulsionada pelo aumento dos preços do petróleo. Em Nova York, o barril de WTI ganhou 6% até agora neste mês.
"A novidade há vários dias é que os corretores estão apostando que há mais de 50% de chance de que o Fed aumente as taxas quatro vezes este ano e não três", disse Nicholas Colas, da empresa de análises DataTrek.
"É uma mudança que parece sem graça, mas tem muita importância", disse ele.
O desempenho dos títulos do Tesouro dos EUA evolui paralelamente aos aumentos no Fed.
"O Fed tem a melhor visão do mercado. Se ele se preocupa com o avanço da inflação a ponto de impor um aumento de quarta taxa, então o mercado de títulos se preocupa", disse.