O governo da Alemanha pediu nesta segunda-feira a Vladimir Putin que autorize a presença na Copa do Mundo do jornalista Hajo Seppelt, que está na origem das revelações do escândalo de doping na Rússia e é considerado persona non grata por Moscou.
"Consideramos que esta decisão de invalidar o (pedido de) visto do senhor Seppelt é um erro, fazemos um apelo à direção do Estado para que permita a este correspondente alemão estar na Rússia para cobrir a Copa do Mundo", afirmou Steffen Seibert, porta-voz da chanceler Angela Merkel.
A declaração foi feita quatro dias antes de uma reunião Merkel e Putin, em Sochi.
Repórter do canal público alemão ARD/SWR, Seppelt anunciou na sexta-feira que seu pedido de visto para cobrir a Copa do Mundo foi rejeitado porque ele está em uma lista de "pessoas indesejadas".
"Isso se deve naturalmente ao fato de que falamos de coisas críticas contra a Rússia, por termos desvendado em 2014 o sistema de doping estatal russo", declarou o jornalista ao site da emissora pública ARD.
A ARD exibiu em dezembro de 2014 o documentário de Hajo Seppelt, "Doping confidencial: como a Rússia fabrica vencedores", escancarando, na base de vários testemunhos, um sistema de doping generalizado no atletismo.
O filme, que causou grande alvoroço, resultou na instauração de uma primeira comissão de investigação pela Agência Mundial Antidoping (Wada) e foi seguido por outras reportagens, entre agosto de 2015 e junho de 2016, que acusaram a Rússia de continuar burlando as regras.
O atletismo russo está suspenso desde 2015 e seus atletas não disputaram os Jogos Olímpicos Rio-2016.
Os atletas do país que disputaram as Olimpíadas de Inverno de Pyeongchang-2018 competiram sob uma bandeira neutra.