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Estado de Minas

Forte abstenção parece ter beneficiado grupos antissistema no Iraque


postado em 13/05/2018 14:00

Os iraquianos mandaram, no sábado (12), uma mensagem para sua classe política, ao ignorar as urnas e dar, de acordo com as primeiras estimativas, muitos votos para as listas antissistema, nas primeiras eleições legislativas após a vitória sobre o grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Segundo a Comissão Eleitoral, a participação nas urnas chegou a 44,52%, o pior percentual desde a instauração de eleições multipartidárias no país em 2005, após a queda da ditadura de Saddam Hussein.

Aqueles que foram votar mostraram sua vontade de "mudança", de ver "novos rostos" em uma classe política vista como corrupta por boa parte da população.

Os primeiros resultados oficiais devem começar a ser divulgados na terça-feira.

Uma fonte do Ministério do Interior disse à AFP que a lista do primeiro-ministro Haider al-Abadi, apoiada pelo Ocidente, lidera a votação.

Em segundo lugar, estaria a lista dos ex-combatentes de Hashd al-Shaabi, um movimento paramilitar essencial na derrota do EI. Muitos de seus membros mantêm vínculos estreitos com o Irã. Sua estratégia eleitoral consistiu, em larga medida, em lembrar que arriscaram a vida para salvar o país, enquanto a classe política levava o Iraque para o 12º lugar no ranking dos países mais corruptos do mundo.

Na sequência, estaria a aliança inédita entre o líder religioso xiita Moqtada Sadr e os comunistas. Toda a semana, desde meados de 2015, eles protestam contra a corrupção e o nepotismo no país.

- Alta abstenção -

Desta vez, independentemente da confissão dos eleitores, a abstenção foi significativa. Nas eleições anteriores, apenas os xiitas costumavam votar em massa para consolidar sua influência, enquanto os sunitas se ausentavam, descontentes por terem perdido o poder e ameaçados por grupos extremistas.

"A forte abstenção se deve a que as políticas realizadas há 15 anos não convencem mais os eleitores", explica o cientista político Amir al-Saadi.

Na maioria do país, e especialmente em Bagdá, onde a participação chegou a apenas 32%, segundo fontes da Comissão Eleitoral, "os iraquianos tinham a sensação de que as eleições estavam decididas de antemão", afirma Karim Bitar, diretor de pesquisa do Instituto francês de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS).

A abstenção foi menor, porém, entre os curdos e em Mossul, a grande cidade do norte que foi o principal bastião do EI no Iraque.

A participação dos curdos, que foram expulsos das zonas em disputa com Bagdá e continuam pagando as consequências negativas de seu referendo de independência, foi algo entre sete e nove pontos superior à nacional.

E, em Mossul, os habitantes da cidade devastada decidiram deixar para trás a etapa do EI, comparecendo em grande número às urnas, sem medo - pela primeira vez desde 2003 - de atentados suicidas, ou de represálias dos extremistas.

Muitos iraquianos dizem não acreditar na eleição proporcional complexa que leva o governo a uma coalizão heterogênea e distribui os principais cargos do Estado entre membros de diferentes comunidades.

Para esses eleitores, em um país onde o sistema político foi projetado para impedir a dominação de um único partido, o governo de Bagdá não age de forma independente e está submetido à vontade dos Estados Unidos e do Irã.


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