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Estado de Minas

Retirada dos EUA de acordo iraniano muda dinâmica no Oriente Médio


postado em 11/05/2018 17:42

A retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear iraniano, anunciada pelo presidente Donald Trump, e a escalada militar entre Irã e Israel anunciam uma nova dinâmica estratégica no Oriente Médio, que aumenta os temores de um conflito mais abrangente.

Enquanto várias potências mundiais buscam salvar o pacto destinado a garantir o caráter não militar do programa nuclear iraniano, outros países como Israel e Arábia Saudita acolheram com satisfação a decisão de Trump.

- Aliança 'contranatural' -

Israel e Arábia Saudita têm a mesma obsessão: impedir que o Irã se torne uma potência regional que ameace, no caso do primeiro, sua segurança, e no do segundo, sua liderança no Oriente Médio.

"Isto resulta em uma coalizão um pouco contranatural", à qual se uniu Donald Trump, avalia Denis Bauchard, especialista em Oriente Médio do Instituto Francês de Relações Internacionais (Ifri), em Paris.

Para Agnes Levallois, vice-presidente do Instituto de Pesquisas para o Mediterrâneo e o Oriente Médio (IREMMO), com a saída do acordo e a transferência da embaixada para Jerusalém, "Trump decidiu satisfazer sem reservas os israelenses".

O aumento da presença iraniana na região, sobretudo na Síria, às portas do Estado hebreu, se tornou uma linha vermelha para as autoridades israelenses e, por extensão, para Washington.

Por sua vez, o jovem príncipe-herdeiro saudita Mohamed bin Salman deseja um papel mais importante para seu país na região do Golfo e além, e não quer que Teerã roube seu protagonismo, afirma Hasni Abidi, diretor do Centro de Estudos e Pesquisas sobre o mundo árabe em Genebra.

Para a Arábia Saudita, unir-se a Trump para denunciar um acordo que limitava as ambições nucleares de Teerã em troca de uma suspensão das sanções internacionais, era essencial.

A suspensão de uma série de sanções econômicas impulsionou a economia iraniana, permitindo que o país "floreça no cenário regional e internacional", o que provocou a preocupação da Arábia Saudita.

Enquanto isso, Israel considera que o acordo não garante que Teerã não desenvolva armas nucleares, sem contar que nos últimos anos desenvolveu um programa de mísseis balísticos de proporções consideráveis.

Ao atacar na quinta-feira posições iranianas na Síria dois dias depois de Trump anunciar a saída dos Estados Unidos do acordo, os israelenses quiseram dizer aos iranianos: "Agora, vão para casa, desistam de estar presentes [militarmente] em diferentes terrenos e em particular na fronteira com Israel", avalia Levallois.

- 'Linguagem da força' -

"Os israelenses escolheram este momento para atacar, já que sabem que o Irã não pode responder militarmente se insistir em salvar um acordo que é muito importante, tanto em termos econômicos quanto políticos", explica Abidi.

Desde que Trump chegou ao poder, "o enfoque multilateral, a diplomacia, está a meio mastro" e foi substituída por "uma nova linguagem baseada no uso da força ou na ameaça do uso da força", acrescentou.

Para alguns especialistas, como Denis Bauchard, existe também um desejo de desestabilizar o atual governo iraniano e provocar uma mudança de regime neste país.

Os Estados Unidos de Trump escolheram "novos aliados, não são os mesmos de 1945, as democracias ocidentais", afirma Abidi.

Se a Europa quiser salvar o acordo iraniano, terá que "enfrentar os americanos" sobre as sanções que ameaçam suas empresas que trabalham com o Irã e "ser fortes", afirma Angès Levallois.

- Entre guerra e paz -

"A escalada das últimas horas nos mostra que se trata verdadeiramente de guerra ou de paz" no Oriente Médio, advertiu nesta quinta-feira a chanceler alemã, Angela Merkel.

No entanto, para Abidi, nem Israel, nem o Irã têm interesse em estar em guerra. "Os israelenses não buscam um conflito armado que poderia se eternizar", destaca.

Os iranianos se mantêm "prudentes para evitar uma escalada à qual não poderiam fazer frente", concorda Denis Bauchard.

No entanto, se o acordo iraniano explodir em mil pedaços e se Teerã retomar seu programa de enriquecimento de urânio e desenvolver a arma atômica, o risco de uma escalada aumentará consideravelmente.

Se isto ocorrer, se abriria uma "caixa de Pandora" da proliferação nuclear, alertam os ocidentais. A Arábia Saudita já advertiu que desenvolveria uma arma atômica e Israel tampouco ficaria de braços cruzados.


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