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Estado de Minas

Clínica suíça lamenta que Austrália impeça cientista de 104 anos de recorrer à eutanasia


postado em 07/05/2018 11:06

O cofundador da clínica suíça que vai ajudar um cientista australiano de 104 anos a realizar uma eutanásia chamou de "atrocidade" o fato da Austrália não autorizá-lo a encerrar sua vida em seu próprio país.

David Goodall, que deu o que falar aos 102 anos quando uma universidade tentou demiti-lo, não sofre de nenhuma doença em fase terminal, mas sua qualidade de vida piorou e deseja morrer.

"Mas como não está em fase terminal (...) teve que vir até a Suíça", lamentou Ruedi Habegger, cofundador da Eternal Spirit, uma das muitas fundações na Suíça que ajudam pessoas que desejam recorrer à eutanásia.

"É uma atrocidade. Este idoso (...) deveria poder morrer em sua casa, em sua cama, como é possível aqui na Suíça", declarou em uma entrevista à AFP.

Goodall deve realizar a eutanásia na clínica Eternal Spirit, perto de Basileia, em 10 de maio.

O suicídio assistido, ou eutanásia, é ilegal na maioria dos países do mundo. Era totalmente proibido na Austrália, mas, no ano passado, foi legalizado no estado de Victoria.

Esta legislação, que entrará em vigor apenas em junho de 2019, contempla apenas os pacientes em fase terminal, com expectativa de vida de menos de seis meses.

- Morte voluntária assistida -

De acordo com a lei suíça, qualquer pessoa lúcida e que expressou o desejo de pôr fim à sua vida há algum tempo pode pedir o que é chamado de morte voluntária assistida (MVA).

"Se uma pessoa saudável vem e diz 'estou são e decidi morrer', em teoria suas razões não dizem respeito aos outros", aponta Habegger.

Mas ele reconhece que é estranho que pessoas saudáveis peçam para morrer e enfatiza que a maioria dos médicos hesitaria em cooperar.

A grande maioria das cerca de 80 pessoas que vêm ao Eternal Spirit a cada ano para morrer são idosas, doentes ou estão sofrendo, com uma idade média de 76 anos, disse ele, acrescentando que o mais novo tinha 32 anos e o mais velho - até o momento - 99.

- "Muito desgostoso" -

"Não quero viajar para a Suíça, embora seja um país lindo", declarou o cientista ao canal ABC antes da viagem na quarta-feira passada.

"Mas tenho que fazer isso para ter a oportunidade de suicídio, o que o sistema australiano não permite. Lamento muito. Estou muito desgostoso", completou.

Antes de ir para a clínica esta semana, ele visitará seus filhos na França.

Diferente da Exit, a maior associação de ajuda ao suicídio da Suíça que só atente moradores do país, 75% dos pacientes da Eternal Spirit são estrangeiros, que devem pagar os exames médicos e as taxas de admissão caras na Suíça.

Mas Habegger explica que a clínica não lucra com as MVA, como imposto pela legislação do país.

Os suíços geralmente escolhem morrer em casa, mas para os estrangeiros a clínica oferece locais mobilhados com quartos para a família e amigos.

Habegger indicou que Goodall viajará com um amigo que o acompanhará até o final.

- "Curto e tranquilo" -

Em uma morte assistida, a pessoa deve estar fisicamente capaz de se encarregar do último ato.

A maioria das fundações suíças pede ao paciente que tome pentobarbital sódico, um poderoso sedativo que em altas toses interrompe o batimento cardíaco.

Para uma câmera, o paciente diz seu nome, sua data de nascimento e confirma que sabe o que está prestes a fazer. O paciente então abre a válvula que libera o produto. A câmera continua gravando como prova de que é um ato voluntário.

"Então desligamos a câmera, porque o momento seguinte é íntimo, privado", explica Habegger.

A pessoa adormece em cerca de 20 segundos. "Ele dorme mais e mais profundamente até que o músculo cardíaco para".

A duração total do procedimento geralmente dura um minuto e meio. "Não é doloroso, é curto e tranquilo", acrescenta. Pesquisador associado honorário da Universidade Edith Cowan de Perth, o professor Goodall virou manchete em 2016, quando o centro de ensino solicitou que abandonasse o cargo, alegando riscos vinculados a seus deslocamentos.

A universidade recuou em sua decisão após a indignação provocada pela notícia.

Goodall publicou dezenas de estudos ao longo da carreira e até recentemente colaborava com várias revistas especializadas em ecologia.


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