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Estado de Minas

Trump desperta temores de guerra com Bolton e Pompeo


postado em 24/03/2018 13:24

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, despertou temores de guerra ao escolher o conservador John Bolton como conselheiro de Segurança Nacional e o também linha-dura Mike Pompeo, como seu secretário de Estado.

Agora, se decidir abandonar o acordo nuclear com Teerã, tem um assessor que acredita que o Irã pode ser desarmado à força e que foi um dos que mais pressionaram para a invasão do Iraque, em 2003.

Além disso, tanto Bolton quanto Pompeo estarão mais abertos a considerar uma guerra preventiva com a Coreia do Norte se a cúpula com o líder Kim Jong-un não levar à desnuclearização da península.

E, enquanto sua embaixadora nas Nações Unidas, Nikki Haley, promove o corte de recursos dos Estados Unidos na organização internacional, Trump terá a seu lado um unilateralista incondicional.

A chegada de Bolton à Casa Branca não foi uma surpresa, mas muitos especialistas em Política Externa não escondem sua preocupação.

"Bolton é uma ameaça para a Segurança Nacional", escreveram Colin Kahl e Jon Wolfsthal, assessores do antecessor de Trump, o democrata Barack Obama, em um duro comentário na revista "Foreign Policy".

"John Bolton é, realmente, perigoso assim", afirma o jornal "The New York Times" em um editorial.

"O bom (...) é que diz o que pensa. O ruim é o que pensa", acrescentou.

Já Pompeo foi denunciado como defensor da tortura e da discriminação contra muçulmanos e homossexuais pela ONG Human Rights Watch, que pediu ao Senado que rejeite sua indicação ao Departamento de Estado.

- 'Falcões' sobrevoam a América Latina? -

Ninguém duvida da chegada dos "falcões" à Casa Branca, mas será que isso também trará um maior intervencionismo para os vizinhos do Sul?

Em agosto passado, Bolton disse ao portal de extrema direita Breitbart News que a Venezuela é uma ameaça para os Estados Unidos e pediu a Washington que não seja "tímido" em relação à "ditadura" de Nicolás Maduro, pedindo que apoie mais a oposição que tenta "restaurar" um governo representativo.

"Não esqueçamos que o Irã tem bastante peso na Venezuela de Maduro e também teve durante (o governo de Hugo) Chávez", comentou.

"Por que a maior embaixada iraniana do mundo está em Caracas? Porque, através dela, estão lavando dinheiro, e porque a Venezuela, junto com Canadá, tem as maiores reservas comprovadas de urânio", completou.

Bolton, que acredita que Maduro governe assessorado por "altos funcionários cubanos", também acusou Havana há anos de desenvolver armas biológicas.

Para Richard Feinberg, especialista em Segurança Nacional e América Latina na Brookings Institution, os países latino-americanos não estão entre as prioridades do trio formado por Bolton, Pompeo e pelo assessor econômico Larry Kudlow.

Essas nomeações supõem "uma nova equipe de machos-alfa hiperagressivos que estimularão os instintos intestinais mais beligerantes de Trump, possivelmente guiando o mundo para o abismo", disse ele à AFP.

"Felizmente, a América Latina não está no topo da agenda. Cuba resistirá, como sempre fez. E ninguém sabe o que fazer para conter o crescente desastre humanitário da Venezuela", acrescentou Feinberg.

O senador republicano Marco Rubio, um dos congressistas com mais peso na política dos Estados Unidos para a América Latina e contra Caracas, disse que Bolton "é uma grande soma para a Casa Branca" e considerou "ridículos" os temores.

- O fim das 'cenouras e varas' -

As ideias de Trump, que chegou à Presidência sem experiência em Política Externa e terminou com vários de seus primeiros assessores investigados por suspeita de conluio com a Rússia para intervir na eleição de 2016, parecem estar em certa contradição com as de Bolton.

Influenciado por seu ex-estrategista na Casa Branca Steve Bannon, um guru nacionalista de extrema direita, Trump se virou para o isolacionismo e condenou a guerra no Iraque, a qual Bolton trabalhou tão duro para promover.

Em seu primeiro ano no cargo, Trump se irritou sob a moderada influência de seu segundo conselheiro de Segurança Nacional, general H.R. McMaster, e do agora ex-secretário de Estado, Rex Tillerson, brutalmente demitido na semana passada.

Preferia suas reuniões quase diárias com Pompeo, seu diretor da CIA (a Agência Central de Inteligência), cuja posição em relação ao Irã estava em sintonia com a sua.

Trump se orgulha da pressão diplomática que acredita ter feito e que teria levado Kim Jong-un a convidá-lo para uma cúpula nuclear. Bolton vê como um fracasso.

"Já é hora de Washington enterrar essa abordagem de 'cenouras e varas'", escreveu Bolton em agosto no Wall Street Journal, pedindo ataques militares preventivos.

Resta ver se as opções diplomáticas têm os dias contados frente aos tambores de guerra.


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