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Estado de Minas

Kuczynski renuncia à presidência do Peru


postado em 21/03/2018 20:00

Pedro Pablo Kuczynski renunciou nesta quarta-feira à presidência do Peru, um dia antes de o Congresso votar um moção para destituí-lo por seus supostos vínculos com a construtora Odebrecht.

A saída de Kuczynski gera incerteza no país que será anfitrião, em abril, da Cúpula das Américas, à qual o presidente americano, Donald Trump, e cerca de trinta chefes de Estado comparecerão.

"Frente a essa difícil situação que se gerou (...) acho que o melhor para o país é que eu renuncie à presidência da República", disse Kuczynski diante das câmeras às 14h40 local (16h40 em Brasília), acompanhado dos membros de seu gabinete.

"Eu não quero ser um obstáculo para que nossa Nação encontre o caminho da união e da harmonia que tanto precisa".

Após receber a carta de renúncia de Kuczynski, o presidente do Congresso, o opositor Luis Galarreta, iniciou uma reunião com os líderes das bancadas para examinar os próximos passos. Entre as possibilidades estão a rejeição à renúncia e insistência na moção de impeachment.

O Congresso debaterá a renúncia nesta quinta-feira e a votará na sexta, segundo Galarreta.

A construtora brasileira confessou que pagou a políticos e empresários latino-americanos milhões de dólares em subornos para garantir contratos de obras públicas.

A pressão contra Kuczynski cresceu nas últimas horas, após a divulgação de um vídeo envolvendo um primeiro pedido de impeachment.

Na imagem aparece Kenji Fujimori tentando convencer outros parlamentares para que apoiem Kuczynski em troca de obras públicas em seus distritos.

O apoio de Kenji supôs o indulto a seu pai Alberto Fujimori (1990-2000), que cumpria 25 anos de prisão por corrupção crimes contra a humanidade, e desatou uma guerra pelo controle do partido Força Popular, liderado por sua irmã Keiko.

Kenji e outros nove deputados que o apoiaram foram expulsos do partido maioritário no Congresso.

- A maldição Odebrecht -

As mentiras do presidente sobre seus supostos vínculos com a Odebrecht quando era ministro da Economia no governo de Alejandro Toledo - sobre o qual pesa também uma ordem de extradição por ter recebido 20 milhões de dólares da construtora - determinaram sua derrota política.

A Odebrecht revelou ter pago cerca de cinco milhões de dólares por assessorias a empresas ligadas a Kuczynski quando ele era ministro, o que o presidente sempre negou.

A construtora admitiu ter feito contribuições de campanha em 2006 e 2011 aos últimos quatro ocupantes da presidência peruana, incluindo Kuczynski, e a Keiko Fujimori.

Para analistas, Kuczynski não tinha nenhuma chance de se livrar do impeachment que seria votado nesta quinta-feira.

Uma pesquisa da empresa Ipsos revelou na semana passada que 58% dos peruanos eram favoráveis ao impeachment de Kuczynski, contra 37% que desejavam sua permanência no cargo até 2021.

- Vice-presidente deve substituí-lo -

Kuczynski deve ser substituído pelo primeiro vice-presidente e atual embaixador no Canadá, o engenheiro Martín Vizcarra, que completará o atual período de governo, até julho de 2021.

Entretanto, se nenhum dos dois vice-presidentes aceitar o cargo, o presidente do Congresso, o fujimorista Luis Galarreta, assumirá a presidência.

Com Galarreta na presidência, teriam que ser convocadas novas eleições, cenário que nenhum partido deseja neste momento de desprestígio dos políticos pelos escândalos da Odebrecht.

A incerteza política está erodindo a economia peruana.

"Estamos vivendo um panorama complicado porque a economia está sentindo o impacto da instabilidade política ligada ao presidente", disse à AFP o economista Jorge González Izquierdo, que explicou que a economia nacional está crescendo nos últimos meses abaixo das previsões.


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