O Departamento de Estado americano anunciou nesta sexta-feira (2) que sua embaixada em Cuba continuará funcionando com o pessoal mínimo, como tem feito desde setembro passado, e que os diplomatas serão destacados a Havana sem a companhia de suas famílias.
A ordem de reduzir o pessoal em Havana tinha sido adotada a partir dos alegados ataques contra diplomatas americanos, uma medida que expiraria neste fim de semana, mas o governo decidiu que a partir da segunda-feira, 5 de março, "entra em vigor um novo plano".
"A embaixada continuará operando com pessoal mínimo necessário para desempenhar suas funções diplomáticas e consulares", informou o Departamento de Estado em nota oficial.
Além disso, a embaixada americana em Havana "operará como posto diplomático sem acompanhamento, definido como um posto no qual membros das famílias não serão autorizados a residir".
Por enquanto, o Departamento de Estado não especificou por quanto tempo vai entrar em vigor o plano de manter a embaixada funcionando com pessoal mínimo.
O governo cubano nega veementemente qualquer relação com os alegados ataques ao pessoal da embaixada e uma investigação com peritos em Havana questionou se estes ataques realmente ocorreram.
Do lado americano, o Departamento de Estado afirma que pelo menos 24 integrantes de seu pessoal na embaixada sofreram sintomas similares a concussão cerebral, embora por enquanto se desconheça a causa das queixas.
- Perguntas sem resposta -
Na nota à imprensa divulgada nesta sexta-feira, o Departamento de Estado admitiu que "ainda não temos respostas definitivas sobre a causa e a origem dos ataques, e uma investigação sobre estes ataques ainda está em andamento".
O secretário de Estado, Rex Tillerson, decidiu retirar o grosso do pessoal da embaixada em Havana por considerar que o governo cubano falhou em suas obrigações de garantir a segurança do pessoal diplomático estrangeiro.
Inicialmente, funcionários americanos suspeitaram que nos alegados ataques foi usado algum tipo de dispositivo acústico, provavelmente emissor de altas frequências, embora o Departamento de Estado se limite a mencionar "ataques à saúde".
De acordo com as denúncias do Departamento de Estado, os primeiros ataques foram registrados em novembro de 2016 e os últimos, em meados de agosto de 2017.
A controversa história sobre os ataques a diplomatas americanos em Havana foi tema de uma audiência no Comitê de Relações Exteriores do Senado no mês passado, onde a própria reação do Departamento de Estado a estes episódios foi questionada.
"Não estamos muito mais avançados do que estávamos em entender o que aconteceu", admitiu nesta audiência o vice-secretário de Estado para Assuntos Públicos, Steve Goldstein.
O vice-secretário adjunto do Departamento de Estado para o Hemisfério Ocidental, Francisco Palmieri, admitiu, por sua vez, que ainda não se conhecia uma explicação sobre os "ataques", mas insistiu em que "de qualquer forma, Cuba é responsável".
Estes raros "ataques" motivaram a maior crise entre Cuba e Estados Unidos desde que os dois países restabeleceram seus laços diplomáticos em 2015, depois de meio século de ruptura e desconfiança.