A organização separatista basca ETA submeteu sua dissolução a um debate e a uma votação interna, informa o jornal Gara, que publica trechos de uma carta da direção do grupo, favorável ao fim do mesmo.
"Nos corresponde encerrar o tempo de conflito armado e as situações relacionadas, para oferecer todas as nossas forças a potencializar o processo político", escreve a direção do ETA em um documento ao qual o Gara teve acesso e que, segundo o jornal, é o texto que está sendo debatido e votado.
O jornal destaca que a conclusão deve acontecer antes do verão (hemisfério norte).
"A situação mais benéfica para nós, assim como para os setores populares e a classe trabalhadora basca, é deixar a fase anterior definitivamente para trás e abrir totalmente a nova", escreve a cúpula do ETA na proposta.
Em abril de 2017, o ETA anunciou um debate interno sobre seu futuro depois de finalizar o "desarmamento".
No texto da época, redigido em euskera (idioma basco), que classificava de "êxito" o desarmamento da organização, o ETA já apontava que tomaria "decisões entre todos os seus membros para avançar", recorda o Gara, jornal que publica os comunicados do grupo.
Após mais de quatro décadas de violência que deixaram 829 mortos em ações atribuídas ao grupo, o ETA renunciou em 2011 à luta armada pela independência do País Basco e Navarra.
Em 8 de abril de 2017, a organização anunciou o "desarmamento total" com a entrega à justiça francesa, por meio de intermediários, de uma lista de oito depósitos de armas e explosivos na França.
A organização, que teria entre 20 e 30 membros na clandestinidade e os demais, menos de 400, em presídios da França e da Espanha, tradicionalmente toma suas decisões após debates internos.
Neste caso, o anúncio aconteceria a tempo de render benefícios políticos, antes das eleições municipais de maio de 2019.
Até abril de 2017, o ETA resistiu ao desarmamento incondicional e à dissolução que eram exigidos pelos governos de Madri e Paris. A organização desejava antes uma negociação sobre o futuro de seus integrantes e de seus presos.
O governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy sempre exigiu que o ETA peça perdão e anuncie a dissolução, ao mesmo tempo que garante que não existirá impunidade por seus crimes nem tratamento favorável pelo desarmamento.