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Estado de Minas

Chavismo encurrala ainda mais oposição ao propor adiantamento de parlamentares


postado em 20/02/2018 18:54

Um poderoso líder chavista apresentou a possibilidade de antecipar as eleições parlamentares na Venezuela para realizá-las junto com as presidenciais, em 22 de abril, encurralando mais ainda uma oposição que aposta em boicotar a votação na qual o presidente Nicolás Maduro tentará se reeleger.

A carta na manga foi tirada nesta terça-feira (20) pelo dirigente Diosdado Cabello em um momento em que a opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) se prepara para anunciar formalmente, na quarta-feira, que ficará de fora das presidenciais por considerar que não há garantias para uma disputa livre e justa.

"Não vejo isso somente como uma ideia (de estratégia política), mas de interesse nacional", disse à emissora de televisão oficial o vice-presidente do governante Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

O Parlamento é o único poder controlado pela MUD.

O dirigente apresentará a solicitação à governista Assembleia Constituinte, que rege o país como um suprapoder e que até agora aprovou todas as suas decisões - as mais radicais a cargo de Cabello - de forma unânime.

A Constituinte, desconhecida pela oposição e por vários governos, já adiantou as presidenciais, inicialmente previstas para dezembro. Sua presidente, Delcy Rodríguez, tuitou nesta terça que está trabalhando em uma "proposta de lei" para todos os poderes, incluindo o Legislativo.

"Estão vendo a possibilidade de agarrar todos os poderes de uma vez aproveitando que não existe oposição, que a MUD não vai participar. Veem a chance de arrasar com tudo", declarou à AFP o cientista político Luis Salamanca.

Para o governo, o setor majoritário da MUD não participará das eleições por ordem dos Estados Unidos, que, na sua visão, quer derrubá-lo mediante uma golpe de Estado e uma invasão militar apoiada pela oposição.

- Apagada do mapa? -

Segundo analistas, com o adiantamento das eleições, o chavismo quer tirar proveito dos rachas na oposição para perpetuar Maduro no poder, apesar do caos econômico com a hiperinflação, e com a falta de alimentos e remédios.

A quatro dias da inscrição de candidatos, a MUD não anunciou formalmente se participará das presidenciais, embora dois de seus maiores partidos - Vontade Popular, de Leopoldo López, e Primeiro Justiça, do ex-candidato Henrique Capriles - tenham rechaçado a participação da oposição, querendo deslegitimar uma reeleição de Maduro.

"Vão varrê-la e vai ficar muito mal, sem poder institucional - ainda que não o exerça -, sem a cota que tem no Parlamento e à deriva, fissurada em todas as suas partes, e com uma decisão de não participar que tomaram lentamente e sem visão unitária", vislumbrou Salamanca sobre a aliança opositora.

Fontes da MUD disseram à AFP que a maioria dos 20 partidos que a compõe ficarão de fora da votação, mas dirigentes como Henri Falcón, dissidente chavista e possível candidato, sustentam que "a saída tem que ser democrática, constitucional, eleitoral".

O analista Diego-Moya Ocampos, do IHS Markit, qualificou a proposta de Cabello como uma "chantagem" do governo diante da decisão da MUD de não "se prestar a legitimar uma eleição presidencial que carece das garantias mínimas e que a (parte da) comunidade internacional não reconhecerá".

Entretanto, dirigentes opositores como Simón Calzadilla não a descartam, a menos que sejam em 30 de junho e haja condições básicas.

- 'Controle absoluto' -

A MUD teve um ótimo resultado nas legislativas de dezembro de 2015, acabando com a hegemonia chavista de quase duas décadas. Mas recém-iniciada a legislatura, o Poder Judiciário, acusado de servir ao governo, a considerou em desacato e anulou todas as suas decisões.

Moya-Ocampos opinou que um adiantamento das parlamentares reflete "o controle absoluto do governo de todas as instituições", a ponto de se dar "ao luxo de poder adiantar eleições em sua total discrição", disse à AFP.

Além disso, na prática, a Assembleia Constituinte substituiu o Parlamento. Eleições legislativas adiantadas reduziriam a menos da metade o seu período. "São aplicações de fato, mas precisamente estamos lutando pela legitimidade democrática", declarou o presidente do Congresso, Omar Barboza.

Para Moya-Ocampos, o governo urge controlar o Congresso para a aprovação de créditos e contratos ante o "colapso de uma economia" em moratória.

Em meio à polêmica, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, disse que o adiantamento das parlamentares é um tema "hipotético" e que o organismo avança nas presidenciais de abril, para a qual solicitou uma missão de observação da ONU, conforme exigido pela oposição em um diálogo falido sobre garantias para a votação.


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