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Estado de Minas

Farc suspende campanha eleitoral na Colômbia por falta de garantias


postado em 09/02/2018 17:42

A ex-guerrilha das Farc, transformada em partido político, suspendeu nesta sexta-feira (9) em caráter temporário sua primeira campanha eleitoral na Colômbia após cessar uma insurreição armada de meio século, até que tenha garantias de segurança para seus candidatos com vistas às eleições de 2018: as legislativas de março e as presidenciais de maio.

"Vamos suspender nossa campanha por um momento", disse o candidato presidencial e líder máximo da ex-guerrilha, Rodrigo Londoño ("Timochenko"), à W Radio.

O ex-comandante guerrilheiro assegurou que o hoje partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc) fará "uma avaliação muito tranquila" durante a interrupção das atividades políticas, enquanto pediu "reconciliação" e que cessem as agressões contra seus candidatos.

A candidata à vice-presidência da Farc, Imelda Daza, afirmou à AFP que a suspensão da campanha foi decidida "principalmente" pelas "agressões" e "sabotagens" que Londoño sofreu nos últimos dias.

"Timochenko" cancelou visitas por motivos de segurança e teve que ser protegido de pessoas que pretendiam agredi-lo durante atos políticos ou na saída de entrevistas a meios de comunicação.

Com 1% das intenções de voto, o líder rebelde está nas últimas posições entre os aspirantes à Presidência, de acordo com as pesquisas mais recentes.

"Qualquer um tem o direito de se expressar. O problema é quando uma pessoa fica sem argumentos e recorre à agressão", afirmou Londoño, que pediu que seus militantes mantenham a calma e evitem responder às agressões.

A Farc denunciou em um comunicado ataques a seus candidatos nos departamentos (estados) de Quindío, Caquetá e Valle del Cauca, que deixaram "feridos, entre eles dois menores, além de danos materiais a veículos e em uma sede sindical".

Por isso, afirmaram que recorrerão "às instâncias judiciais para que punam os responsáveis por estes atos".

Esperamos "que o governo, através dos mecanismos de que dispõem, nos garanta as condições mínimas para desenvolver nosso trabalho (...) e o direito a expor nossas ideias", afirmou Daza.

- Governo pede para investigar -

O presidente Juan Manuel Santos, que deixará o cargo em agosto após dois mandatos de quatro anos, pediu na quinta-feira que os colombianos repudiem as agressões de que são vítimas os aspirantes das Farc.

O ministro do Interior, Guillermo Rivera, assegurou nesta sexta-feira que quando ocorreram as agressões, os agentes de Polícia encarregados da segurança dos candidatos da ex-guerrilha "reagiram de imediato".

"O governo nacional continuará dando garantias plenas ao partido Farc", disse Rivera, que pediu às autoridades judiciais para "examinar" as evidências e estabelecer os responsáveis.

Segundo a ex-guerrilha, os ataques não são reações espontâneas, mas sim "um plano coordenado, dirigido a impedir a participação política de um partido legalmente constituído, depois do acordo de paz".

Daza responsabilizou por estes fatos setores que promoveram o 'Não' ao acordo de paz no plebiscito votado em outubro de 2016, que teve maioria nas urnas e provocou a renegociação do pacto alcançado com o governo após quatro anos de negociações em Cuba.

"Quem está por trás disto? Bem, os que não puderam aceitar que a guerra terminou", destacou Daza.

Opuseram-se ao acordo setores da direita, liderados principalmente pelo Centro Democrático, do ex-presidente e agora senador Álvaro Uribe, e do ex-chefe de Estado Andrés Pastrana.

- Repúdio de Uribe -

Os críticos consideram que o acordado com a Farc garante impunidade aos guerrilheiros que cometeram crimes graves.

"Rejeitamos incidentes violentos dos quais também somos vítimas", escreveu Uribe no Twitter.

A ex-guerrilha também chamou atenção pelo assassinato de vários de seus ex-combatentes e de familiares de seus militantes desde a assinatura, em novembro de 2016, do pacto de paz com o governo.

Além disso, temem que se repita a história da União Patriótica (UP), um partido de tendência comunista egresso de negociações de paz frustradas nos anos 1980, cujos principais integrantes foram exterminados por paramilitares de extrema direita, em cumplicidade com agentes do Estado.

O vice-presidente da Colômbia, Óscar Naranjo, disse na quinta-feira que desde a assinatura do convênio foram assassinados 28 ex-guerrilheiros e 12 familiares de ex-combatentes.

"Timochenko" denunciou no fim de semana o assassinato de 37 ex-combatentes após a assinatura do convênio que permitiu o desarmamento de 7.000 homens e mulheres.

O pacto de paz garante aos rebeldes dez assentos no Congresso - cinco em cada Câmara - por dois períodos de quatro anos, mas para isso deverão participar de eleições.

Os colombianos vão eleger em março seus congressistas e em maio, um novo presidente.


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