As fortes turbulências em Wall Street nesta segunda-feira (5) pareceram se estabilizar na sessão desta terça, mas já fizeram suas primeiras vítimas: fundos indexados baseados na evolução da volatilidade da Bolsa de Nova York.
Dois deles, administrados pelos bancos Credit Suisse e Nomura, deixaram de operar nesta terça-feira, após as perdas maciças registradas na segunda. Ambos se beneficiaram, desde a eleição de Trump, de um nível mais baixo de flutuações.
"O valor destes produtos aumenta quando a volatilidade cai, e cai quando ela aumenta. Se a volatilidade subir 20% durante o dia, esses produtos caem 20%", explicou Nicholas Colas, da DataTrek.
Nesta segunda, esses produtos financeiros sentiram plenamente a volatilidade vertiginosa em Wall Street, medida pelo VIX, também chamado de "índice do medo". O indicador aumentou quase 100% no dia. Nesta manhã, continuou a subir antes de se estabilizar.
A Credit Suisse anunciou a compra de seu fundo, chamado "XIV", com prejuízo antecipado de capital para os investidores.
O Nomura também estava preocupado, e vários analistas alegaram que seu fundo "SVXY" havia deixado de ser negociado e também seria comprado pela empresa.
Depois de obter um retorno de 180% no ano passado, esses dois fundos, muito populares entre os pequenos investidores, acumularam, no fim da semana passada, 3 bilhões de dólares em ativos gerenciados, disse Colas.
O mercado de volatilidade geralmente é utilizado como instrumento de cobertura pelos investidores de capital, porque é inversamente relacionado à evolução do mercado de valores.
O investimento é "uma estratégia muito rentável à medida que os mercados sobem", opinou Tom Cahill, da Ventura Wealth Management.
Os prejuízos fortes registrados nesta segunda-feira não representam, contudo, um risco "sistêmico" para todo o setor financeiro, segundo Gregori Volokhine, da Meeschaert Financial Services.