As ações da Embraer subiram mais de 4% nesta sexta-feira (2) na Bovespa, após rumores de um possível acordo entre a fabricantes de aeronaves brasileira com a americana Boeing para a construção conjunta de aparelhos comerciais.
Segundo a jornalista Miriam Leitão, colunista do jornal O Globo, as duas empresas concordaram com a criação de uma terceira, focada na fabricação em série de aviões. Assim, o setor de Defesa da Embraer não faria parte do novo grupo, o que deve aliviar as objeções do governo brasileiro à fusão comercial.
A Embraer admitiu nesta tarde, em nota, que as duas empresas continuam negociando "uma combinação de seus negócios, que poderão incluir a criação de outras empresas", mas negou ter chegado a um acordo. A fabricante brasileira "não aceitou nem recebeu uma proposta da Boeing", afirmou. A Boeing se recusou a comentar.
Uma fonte no governo disse à AFP que as duas empresas estão discutindo uma proposta "mais factível" para se fundir.
"Ontem soubemos que a Boeing apresentou uma proposta à Embraer, que parece ser para criar uma terceira empresa. O governo vai examinar", disse a fonte, acrescentando que "se a proposta resolve o problema, [a negociação] é só entre as empresas".
As ações da Embraer dispararam após a publicação das primeiras informações, e fecharam com alta de 4,41%, após terem superado os 5%, enquanto o índice Ibovespa caiu 1,70%.
A Embraer, terceira maior fabricante mundial de aviões comerciais, e a Boeing, que disputa com a europeia Airbus a liderança do setor, revelaram em dezembro que discutiam uma fusão.
O governo brasileiro, entretanto, indicou rapidamente que estava decidido a manter seu poder de veto sobre a empresa de São José dos Campos, em nome da "soberania nacional".
A Embraer, nascida como grupo estatal em 1969, foi privatizada em 1994, mas o Estado conservou uma "golden share" ("ação de ouro"), que lhe permite intervir em questões estratégicas.