Em uma série de tuítes matinais, Trump escreveu: "Ao longo da minha vida, dois dos meus grandes valores têm sido a estabilidade mental e ser, algo assim, realmente inteligente".
"Passei de ser um MUITO bem-sucedido homem de negócios a astro da TV, a presidente dos Estados Unidos. Acho que isto me qualificaria não como inteligente, mas como gênio... e um gênio muito estável!", escreveu.
A Casa Branca lutou nos últimos dias para impedir a publicação do livro "Fire and Fury: Inside the Trump White House", do jornalista Michael Wolff, disponível somente em inglês e que saiu à venda nesta sexta-feira de forma antecipada, pela grande expectativa que gerou.
A obra, que deixa no ar uma série de dúvidas sobre a estabilidade mental do presidente, esgotou-se rapidamente nas livrarias de Washington. Trump a chamou de um texto "falso" e "cheio de mentiras".
Os tuítes de Trump foram escritos antes de suas reuniões, neste sábado com os principais legisladores republicanos e membros do gabinete em Camp David para discutir as prioridades do partido visando às eleições de meio-mandato de 2018.
No entanto, os detalhes do novo livro e a contínua defesa de Trump de sua saúde mental ganharam a atenção, causando mais especulações sobre se o líder dos Estados Unidos estaria apto para o cargo.
Wolff cita vários dos principais assessores de Trump que expressaram dúvidas sobre a capacidade do atual presidente de comandar a maior economia e hegemonia militar do mundo.
"Cem por cento das pessoas ao seu redor" questionam a aptidão de Trump para o cargo, afirmou ao programa "Today", da NBC.
"Todos dizem que ele é como uma criança. E o que querem dizer com isso é que ele precisa de gratificação imediata, e tudo gira em torno dele".
"Dizem que é um imbecil, um idiota", insistiu o jornalista e escritor, que afirma ter entrevistado quase 200 pessoas que lidam com o presidente americano diariamente.
Em entrevista coletiva neste sábado em Camp David, Trump voltou a classificar o livro como "uma obra de ficção".
"Wolff não me conhece e nunca me entrevistou" na Casa Branca, afirmou, desmentindo o jornalista, que garante ter conversado com o presidente durante três horas no total, no período de um ano e meio.
"É uma desgraça que alguém possa fazer algo assim", disse Trump sobre o livro, depois de passar uma imagem de união junto aos líderes republicanos, com quem disse ter feito "avanços incríveis" na agenda para 2018.
O livro inclui citações de Steve Bannon, ex-estrategista-chefe de Trump, que acusa o filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr, de "traição", por ter feito contatos com uma advogada russa, e diz que sua filha Ivanka, que se imagina presidente um dia, é "burra como uma pedra".
A obra também mostra que, para o secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, e para o ex-chefe da equipe da Casa Branca Reince Priebus, o presidente era um "idiota". Para o principal assessor econômico, Gary Cohn, ele é "burro como m...". E para o conselheiro de Segurança Nacional, H.R. McMaster, ele é um "lesado".
Creche para adultos
A imprensa americana revelou esta semana que uma dezena de legisladores, a maioria da oposição democrata, consultaram em dezembro a professora de psiquiatria da universidade de Yale Bandy Lee para analisar a saúde mental de Trump.
"Os congressistas dizem estar preocupados com o perigo que o presidente representa, o dano que sua instabilidade mental representa para o país", explicou a professora em entrevista à rede de TV CNN.
Em novembro passado, a especialista publicou no "The New York Times" que ela e outros "especialistas preocupados" haviam detectado em Trump "algo mais que seu estado usual de instabilidade, com características que colocam o país e o mundo em extremo risco".
O presidente da Comissão de Assuntos Exteriores do Senado, Bob Corker, republicano, comparou a Casa Branca, em outubro, a uma "creche para adultos".
Nesta sexta-feira, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, foi obrigado a defender Trump, depois de ser perguntado em uma entrevista sobre as alegações de que o presidente se repete regularmente e se recusa a ler notas de instrução.
"Nunca questionei sua aptidão mental. Não tive nenhum motivo para isso", disse Tillerson.
Mesmo defendendo Trump, o ex-executivo da ExxonMobil disse à CNN que teve que aprender como transmitir informações a um presidente com um estilo de tomada de decisões diferente.