Os pilotos da Avianca - a segunda maior companhia aérea da América Latina - perderam a queda de braço com a empresa e voltarão ao trabalho na segunda-feira (13), após 51 dias de greve, a mais extensa na história da aviação na Colômbia.
O sindicato que agrupa pouco mais da metade dos 1.388 pilotos da companhia suspendeu a medida na madrugada desta sexta-feira (10), depois de fracassar em sua tentativa de negociar com o empregador melhores salários e condições de segurança.
"Com o retorno dos pilotos na segunda-feira, enfrentaremos as possíveis represálias que a companhia possa ter do ponto de vista legal", disse o presidente da Associação Colombiana de Pilotos Civis (Acdac, na sigla em espanhol), capitão Jaime Hernández.
Segundo as normas colombianas, o protesto não poderia se estender por mais de 60 dias.
Em entrevista à W Rádio, Hernández reconheceu que os grevistas decidiram terminar o protesto como um gesto unilateral "de boa vontade".
"Não tem conquista em si, a conquista é simplesmente que não se prolongue mais a greve e normalizar o serviço o mais rápido possível", acrescentou.
A Acdac desmobilizou o protesto com a mediação do defensor Carlos Negret. Segundo os pilotos, ele acompanhará o retorno da categoria ao trabalho para evitar a violação de seus direitos.
Hernández explicou que, embora tenham decidido encerrar a greve, os pilotos deverão receber capacitação e definir itinerários antes de voltarem a voar na segunda que vem.
A Avianca é a principal companhia aérea da Colômbia e controla 60% do mercado.
O governo de Juan Manuel Santos tentou, sem sucesso, compor um tribunal de arbitragem para aproximar as partes.
O fim das atividades obrigou a empresa a cancelar 13.924 voos, domésticos em sua maioria, o que afetou mais de 420.000 usuários.
"Aqui ninguém ganhou, há apenas perdedores", disse o sócio majoritário da companhia, Germán Eframovich.
No início da greve, a empresa disse que chegou a perder 2,5 milhões de dólares diários.
A Avianca está na expectativa de que a Justiça declare ilegal a medida por meio de um recurso que ainda está sob análise dos tribunais.
Embora tenha comemorado a decisão do sindicato, Eframovich advertiu que os pilotos deverão enfrentar consequências legais.
"Todos, sem exceção, serão submetidos a processos disciplinares da lei. Poderá haver sanções leves, poderá haver demissões", afirmou, em entrevista a rádios locais.
Com o fim da greve, a Acdac espera que o Ministério do Trabalho convoque um novo tribunal de arbitragem para dirimir as diferenças com a companhia, a segunda maior da região, atrás da chileno-brasileira Latam.
A Acdac exigia uma homologação salarial para os pilotos estrangeiros que trabalham com a Avianca Holdings, mais tempo de descanso e a contratação de mais tripulação.