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Estado de Minas

Arábia Saudita decreta prisão de príncipes e ministros em expurgo sem precedentes

A operação aconteceu pouco depois da criação de uma comissão anticorrupção presidida pelo príncipe herdeiro do país


postado em 05/11/2017 11:52 / atualizado em 05/11/2017 14:26

(foto: Fayez Nureldine/AFP)
(foto: Fayez Nureldine/AFP)

A Arábia Saudita prendeu dezenas de príncipes, ministros e empresários em uma operação de combate à corrupção considerada "decisiva" pelas autoridades, em um momento no qual o jovem príncipe herdeiro Mohamed bin Salman continua reforçando seu poder.


O famoso bilionário Al Walid bin Talal está entre os 11 príncipes detidos no sábado à noite, informou a imprensa. A operação aconteceu pouco depois da criação de uma comissão anticorrupção presidida pelo príncipe herdeiro, de acordo com um decreto real.


Paralelamente, também no âmbito deste expurgo sem precedentes, foram destituídos Metab bin Abdallah, comandante da poderosa Guarda Nacional saudita - que durante algum tempo foi considerado como pretendente ao trono -, o comandante da Marinha, Abdallah Al Sultan, e o ministro da Economia Adel Fakih.


As detenções e destituições acontecem no momento em que o príncipe Mohamed, de 32 anos, filho do rei Salman, de 81, consolida seu poder em um cenário de mudanças econômicas e sociais inéditas neste reino ultraconservador.


De acordo com o canal de televisão via satélite Al-Arabiya, de capital saudita, 11 príncipes, quatro ministros e dezenas de ex-ministros foram detidos, depois que a comissão de combate à corrupção abriu uma investigação sobre as inundações fatais que devastaram em 2009 a cidade de Jidá (oeste), às margens do Mar Vermelho, após chuvas torrenciais.


- 'Nova era' -


A agência estatal saudita SPA havia informado que o objetivo da comissão era "preservar a riqueza estatal, punir os corruptos e os que se aproveitam de seus cargos".


A cotação das ações da Kingdom Holding Company, empresa internacional de investimentos que pertence em 95% ao príncipe Al Walid, caiu 9,9% na abertura da Bolsa de Riad neste domingo, um dia depois da suposta detenção do bilionário, que ainda não foi confirmada oficialmente.


Com as detenções, "o reino abre uma nova era e uma política de transparência, de clareza e de responsabilidade", declarou o ministro das Finanças, Mohamed Al-Yadaan.


"As ações decisivas preservarão o clima para os investimentos e reforçarão a confiança no Estado de direito", completou.


O Alto Comitê dos Ulemás, um influente conselho de clérigos, reagiu rapidamente e afirmou que a luta contra a corrupção é "tão importante como a luta contra o terrorismo".


Uma fonte aeroportuária informou à AFP que as forças de segurança impediram a decolagem de aviões particulares, talvez para evitar que algumas personalidades abandonassem o país.


"A amplitude e a escala das detenções parece não ter precedentes na história saudita moderna", afirmou Kristian Ulrichsen, especialista sobre o Golfo no Baker Institute da Universidade Rice, nos Estados Unidos.


"A suposta detenção do príncipe Al Walid bin Talal, se for confirmada, provocaria uma comoção na comunidade local e no mundo dos negócios internacionais", advertiu o analista.


- Detenções em setembro -


No fim de outubro, o príncipe herdeiro prometeu em um fórum em Riad uma Arábia Saudita "moderada, aberta e tolerante", longe da imagem de um país árabe considerado durante muito tempo como o maior exportador do wahabismo, uma versão rigorosa do islã que foi adotada por muitos extremistas ao redor do mundo.


"Não passaremos outros 30 anos de nossas vidas acomodando ideias extremistas e vamos destruí-las agora", completou.


Em setembro, as autoridades sauditas prenderam dezenas de pessoas, incluindo alguns clérigos influentes e intelectuais, em uma operação que organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram como uma "campanha de repressão".


O herdeiro, que controla setores estratégicos do governo, como a Defesa e a Economia, tenta projetar a imagem de um reformista liberal em um reino ultraconservador, com decisões como a mudança da legislação para permitir que as mulheres possam dirigir.


Muitas de suas reformas são consideradas uma forma de marcar a presença e acabar com as dissidências, antes de uma transferência formal de poder por parte de seu pai.


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