
“Allahu Akbar! Allahu Akbar!” (“Deus é maior”, em árabe), gritou o motorista da camionete de cor branca, depois de invadir uma ciclovia, percorrer 20 quarteirões, atropelar várias pessoas e parar na esquina da Chambers Street com a West Street, no exclusivo bairro de Tribeca, no coração da Baixa Manhattan. Após atingir um ônibus escolar, o suspeito desceu do veículo, ostentando armas falsas, e foi baleado no abdome pela polícia, antes de ser preso. No local, os agentes apreenderam uma pistola de paintball e outra de chumbinho. “É um dia muito doloroso para nossa cidade. Com base nas informações que temos, foi um ato de terror. Um ato de terror particularmente covarde, visando civis inocentes”, declarou o prefeito de Nova York, Bill de Blasio. “Isso foi dirigido a civis inocentes, dirigido a pessoas que vivem suas vidas e que não tinham ideia do que iria ocorrer. Neste momento, sabemos que oito pessoas inocentes perderam suas vidas e que mais de 10 estão feridas.”
No início da noite de terça-feira, o presidente Donald Trump usou o Twitter para condenar o incidente. “Em NYC parece ser outro ataque de uma pessoa muito doente e perturbada. As autoridades acompanham isso de perto. Não nos EUA!”, escreveu. Nenhum grupo extremista havia assumido a autoria. No entanto, um novo tuíte de Trump acusou o Estado Islâmico. “Nós não podemos permitir ao ISIS retornar, ou entrar em nosso país, depois de derrotá-lo no Oriente Médio ou em qualquer lugar. Basta!”, acrescentou.
Fontes ligadas à investigação disseram à rede de TV CNN que o suspeito tem 29 anos, é natural do Uzbequistão e chegou aos Estados Unidos em 2010. Ele seria morador de Tampa, na Flórida. A emissora CBS News, por sua vez, divulgou a suposta identidade do terrorista: Sayfullo Habibullaevic Saipov.
Funcionário do Colégio Comunitário da Cidade de Manhattan (BMCC, pela sigla em inglês), Michael McKinnon, de 26 anos, caminhava pela Chambers Street quando foi surpreendido por estampidos, às 15h06 de ontem (17h06 em Brasília). “Eu escutei quatro disparos e vi dois corpos. As pessoas corriam. Pensei que tivesse sido um tiroteio na escola secundária, do outro lado da rua”, contou ao Estado de Minas. “Vi a camionete esmagada. Era um veículo da Home Depot”, acrescentou, referindo-se a uma companhia varejista. Da janela do escritório, Michael fotografou pelo menos 13 policiais na rua, isolada com fitas azuis e amarelas, e um corpo coberto por um lençol branco, ao fundo.
Natural de Belarus e cidadão de Nova York desde 2000, Dmitry Metlitsky, de 44, passava pela West Street a bordo de um Uber quando viu pessoas caídas no chão. “Meu motorista testemunhou o atropelamento. Eu estava mexendo no celular quando ele gritou: ‘Alguém está fazendo aquilo!’. Então, escutamos nove tiros disparados pela polícia e vimos uma camionete que havia colidido com um ônibus escolar e com um grande caminhão. Foi então que presenciamos alguém ser baleado no meio da rua”, relatou ao EM.
Halloween Outra testemunha, o bengali Tawhid Kabir Xisan utilizou a própria página no Facebook para descrever o que viu. “Pela primeira vez eu presenciei um tiroteio! O cara estava literamente a 10 ou 15 metros de distância, com duas pistolas nas mãos. Eu pensei que fosse para o Halloween! Os policais atiraram nele. Escutei cinco ou seis disparos e ele foi ao chão”, escreveu. O chefe do Departamento de Polícia de Nova York, James O’Neill, confirmou a morte de oito vítimas, seis delas homens. Segundo ele, o choque da camionete alugada com o ônibus escolar feriu dois adultos e duas crianças. O’Neill confirmou que 11 pessoas foram levadas ao hospital com ferimentos graves, mas não corriam risco de morte. O policial explicou que uma declaração feita pelo suspeito no momento da prisão fez com que as autoridades considerassem o incidente um ato terrorista. O teor da declaração não foi revelado.
Homem-bomba em Cabul
Um adolescente-bomba de cerca de 13 anos se explodiu ontem na “zona verde” – o bairro diplomático – de Cabul, no Afeganistão, matando ao menos cinco pessoas num ataque reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI). Esse é o primeiro atentado em cinco meses contra área superprotegida da capital afegã, cuja segurança foi reforçada desde o atentado com caminhão-bomba em 31 de maio, que deixou 150 mortos e 400 feridos. Ainda ontem, a polícia alemã prendeu um jovem sírio de 19 anos suspeito de planejar um atentado com explosivos no país, anunciou a Promotoria de Combate ao Terrorismo em comunicado. O homem, apresentado como Yamen A., foi detido pelas forças especiais na cidade de Schwerin, no Nordeste do país, e vários apartamentos da região, ao Norte de Berlim, foram objetos de operações de busca. O jovem é suspeito de “planejar e concretamente preparar um atentado de motivação islamita na Alemanha com um explosivo muito potente”, destacou a Promotoria Federal Alemã de Combate ao Terrorismo.
