Quatro governadores da oposição, eleitos no dia 15 de outubro na Venezuela, prestaram juramento nesta segunda-feira (23) à Assembleia Constituinte, cedendo à exigência dos constituintes, que consideram ilegítimos.
"Governadores eleitos da Ação Democrática prestaram juramento e se subordinaram à @ANC_ve", assinalou a Constituinte no Twitter junto a uma foto na qual aparecem os quatro diante de Delcy Rodríguez, que preside o organismo.
Os quatro governadores pertencem à Ação Democrática, liderado pelo veterano parlamentar Henry Ramos Allup e um dos partidos que dominaram a política venezuelana até a chegada do chavismo ao poder em 1999.
São eles: Antonio Barreto, do estado de Anzoátegui (nordeste); Alfredo Díaz, de Nueva Esparta (nordeste); Ramón Guevara, de Mérida (oeste), e Laidy Gómez, de Táchira (oeste).
O opositor Juan Pablo Guanipa, eleito pelo estado de Zulia (oeste), lamentou a decisão de seus de seus companheiros de subordinação à Constituinte.
"Não cheguei ao governo para me ajoelhar diante de um poder que não representa ninguém, fraudulento, e sim para defender o estado de Zulia".
Já Gómez justificou sua decisão: "quando o povo te implora que não o abandone, a humilhação de um líder é um meio para conseguir liberdade".
"Foi um ato muito importante, uma mensagem clara sobre a necessidade da convivência democrática e pacífica e do respeito à vontade popular", disse Delcy Rodríguez.
O juramento ocorreu na sede da chancelaria, em Caracas, e os governadores saíram sem dar declarações aos jornalistas.
Na sexta-feira, o presidente Nicolás Maduro ameaçou impugnar os governadores eleitos da oposição que não prestassem juramento à Assembleia Constituinte.
"Quem quiser ser governador terá que reconhecer a Assembleia Nacional Constituinte, caso contrário repetiremos as eleições nos respectivos Estados".
A coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) conquistou os governos de cinco Estados, contra 23 para os chavistas de Maduro.
A lei venezuelana determina que os governadores prestem juramento às respectivas Assembleias Legislativas estaduais, mas um novo decreto também obrigou sua subordinação à Constituinte.
A MUD ignora a vitória do chavismo na recente eleição alegando que o processo foi "fraudulento".
"É um passo atrás no discurso opositor de ignorar a Constituinte. Vai gerar mais confronto interno na MUD e reforçar a tendência à abstenção", avaliou o cientista político Luis Salamanca.
Analistas afirmam que a abstenção - refletida na perda de quase três milhões de votos para a oposição em relação às legislativas de 2015 - foi uma das causas da recente derrota da MUD.